EUA detêm 49 crianças brasileiras em abrigos
A maioria, 29 deles, estão concentrados em Chicago; a criança mais nova é um menino de 5 anos, que está no Texas
Pelo menos 49 crianças brasileiras foram separadas dos pais depois de entrarem nos Estados Unidos de maneira ilegal a partir do México. Enviadas a abrigos, elas estão detidas em diferentes Estados americanos. O maior número, 29, está concentrado em Chicago, cidade que está a quase 2.500 km da divisa com o México. A criança brasileira mais nova é um menino de 5 anos, que está no Texas.
Segundo informações do Consulado do Brasil em Houston, um garoto de 8 anos tentou fugir ontem de um abrigo em Nova York, mas não teve sucesso. "Nós sabemos que as crianças estão traumatizadas", disse o cônsul adjunto na cidade texana, Felipe Santarosa. "Elas foram separadas dos pais e colocadas em um lugar no qual não conhecem a língua. Por mais que sejam bem tratadas, é uma situação muito difícil."
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A informação sobre as 49 crianças que foram separadas dos pais foi enviada ao Consulado do Brasil em Houston na sexta-feira pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos EUA. A separação familiar é fruto da política de "tolerância zero" adotada em abril pelo governo do presidente Donald Trump, pela qual todos os que tentavam cruzar a fronteira de maneira ilegal são processados criminalmente. Com isso, os pais passaram a ser enviados a prisões federais, que não têm acomodações para menores. Na quarta-feira (20), o presidente americano assinou um decreto que acaba com a política.
Reação
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota na qual afirmou que a separação familiar é uma "prática cruel e em clara dissonância com instrumentos internacionais de proteção aos direitos da criança". O governo brasileiro disse esperar que o decreto de Trump leve à "efetiva revogação" da separação familiar.
Depois de Chicago, o maior número de crianças brasileiras detidas está em Phoenix, no Arizona. No abrigo Estrella del Norte há sete menores. Três são irmãos, de 8, 10 e 16 anos, cuja mãe está presa em uma cidade a 90 km de distância.
Também há quatro adolescentes, um de 14 anos e três de 17 anos. O mais velho deles completará 18 anos no dia 24 e será transferido para um centro de detenção de adultos.
O Consulado do Brasil em Miami, na Flórida, informou que há pelo menos um menor separado da família em um abrigo na cidade.
A maioria dos pais está presa no Texas, um dos Estados preferidos pelos imigrantes que cruzam a fronteira de maneira ilegal. Santarosa disse que o consulado está tentando identificar todas as crianças e determinar o paradeiro de seus pais. O segundo passo é estabelecer contato entre eles.
A diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty, Luiza Lopes, disse que uma das garantias que o governo brasileiro tem é o livre acesso às crianças que estão nos abrigos.
"Nossa cônsul em Chicago visitou os menores várias vezes e fez a ponte deles com seus pais", afirmou. "Mas, por mais que se tente amenizar a situação, ela trará consequências psicológicas para as crianças, principalmente as que são mais novas", disse Lopes.