Em livro, ex-assessor de Trump diz que reunião com russos foi "antipatriótica"

O ex-estrategista-chefe de Trump ainda compara a investigação do FBI sobre a influência russa na eleição de 2016 a um "furacão de categoria cinco"

Escrito por FolhaPress ,

Em um livro ainda inédito sobre os bastidores da Casa Branca no governo de Donald Trump, um dos principais assessores do presidente, Steve Bannon, afirma que a reunião do filho do presidente, Donald Trump Jr., com uma informante russa durante a campanha eleitoral de 2016 foi "traidora", "antipatriótica" e "uma merda".

"Eles deveriam ter chamado o FBI imediatamente", afirmou Bannon ao jornalista Michael Wolff, autor de "Fire and Fury" (fogo e fúria, em tradução literal).

O livro, a ser lançado na semana que vem, foi obtido em primeira mão pelo jornal inglês "The Guardian", que divulgou trechos nesta quarta (3).

O controverso ex-estrategista-chefe de Trump, demitido em agosto, ainda compara a investigação do FBI sobre a influência russa na eleição de 2016 a um "furacão de categoria cinco".

Para ele, a Casa Branca está desatenta ao impacto da investigação, que deve "quebrar Donald Jr. feito ovo em rede nacional".

Bannon é uma espécie de guru da extrema direita americana e editor do site de notícias Breitbart, de inclinação conservadora. Ele foi um dos principais nomes da campanha de Trump e permaneceu na Casa Branca por sete meses, até ser demitido em decorrência do incômodo crescente com seus comentários sobre as manifestações supremacistas em Charlottesville, na Virgínia.

Os comentários de Bannon - cujas relações com o filho e o genro de Trump, Jared Kushner, que também estava na reunião com os russos, não eram das melhores - estão entre os mais ácidos do livro de Michael Wolff.

"Você percebe para onde isso está indo. Tudo envolve lavagem de dinheiro. O caminho deles [FBI] para ferrar Trump passa direto por Paul Manafort, Don Jr. e Jared Kushner... É tão claro quanto água."

O FBI apontou um procurador especial para conduzir a investigação, que está se fechando em torno de figuras próximas do presidente - o que tem gerado especulações sobre um eventual envolvimento de Trump em um conluio com os russos, o que o republicano nega.

No início de dezembro de 2017, o ex-conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, firmou um acordo com os investigadores, e há a expectativa de que ele faça novas revelações sobre o caso.

A Casa Branca não havia se manifestado sobre os comentários de Bannon até o início desta tarde. O filho de Trump também não comentou.

O livro de Wolff será lançado na próxima terça-feira (9).