Confrontos após protestos na faixa de Gaza deixam ao menos 12 mortos

Milhares de palestinos participaram dos protestos apoiados pelo grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, e que inicialmente seriam pacíficos

Escrito por Folhapress ,

Confrontos violentos entre tropas israelenses e manifestantes palestinos ocorridos durante um protesto na fronteira entre a faixa de Gaza e Israel nesta sexta-feira (30) deixaram ao menos uma dúzia de mortos e cerca de mil feridos, disseram os serviços de saúde da região.

Milhares de palestinos participaram dos protestos apoiados pelo grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, e que inicialmente seriam pacíficos.

As manifestações foram marcadas a partir de cinco grandes tendas que foram erguidas para o ato ao longo dos 65 quilômetros da cerca que divide a faixa de Gaza de Israel.

A maior parte dos manifestantes atendeu o pedido dos organizadores e permaneceu nas proximidades das tendas, a alguns metros da fronteira, mas grupos menores com centenas de pessoas se dirigiram para a cerca, dando início ao confronto. Israel já tinha avisado que iria responder caso o local fosse atacado.

Segundo o Exército israelense, 30 mil palestinos participaram dos atos. Os militares afirmam que precisaram responder com violência após um grupo começar a queimar pneus e a jogar pedras nos soldados e na cerca. "Qualquer violação da soberania de Israel ou danos à cerca de segurança são de grande severidade", disse um porta-voz dos militares.

Israel disse que usou bombas de lacrimogêneo e balas de borracha contra a maioria dos manifestantes, mas que autorizou o uso de munição letal contra pessoas que tentaram danificar a cerca. Após os militares começarem a atirar, os palestinos

Os palestinos, porém, afirmam que a munição letal foi usada contra todos os manifestantes e que, além dos mortos, pelo menos outras 400 pessoas apresentam ferimentos de armamento tradicional, com o restante sendo tratado por contusões causadas pelas balas de borracha ou por problemas respiratórios decorrentes da inalação da fumaça das bombas.

Um dos mortos foi o fazendeiro palestino Amr Samour, 27, que foi atingido por tiros disparados de um tanque pouco antes do início dos atos. A identidade das outras vítimas ainda não foi divulgada, mas autoridades palestinas disseram que entre os mortos há uma adolescente de 16 anos.

A possibilidade de confrontos violentos já tinha feito o Exército israelense convocar reforço na segurança da fronteira.

Os protestos desta sexta, chamados de a Grande Marcha da Volta pelos organizadores e de Marcha dos Cem Mil pelo Hamas, faz parte de uma série de manifestações programadas pelos palestinos para lembrar dos 70 anos de criação de Israel, em 14 de maio, quando uma grande marcha está marcada na região.

Para os palestinos, a data marca a "Nakba" ("Tragédia"), quando cerca de 700 mil árabes fugiram ou foram expulsos em meio à guerra que se seguiu à criação do país.

A faixa de Gaza é controlada desde 2007 pelo Hamas, grupo rival da Autoridade Nacional Palestina -que comanda a Cisjordânia-, considerado uma organização terrorista pelos governos de Israel e Estados Unidos.

Por isso, tanto Israel quanto o Egito fecharam há dez anos as fronteiras com a faixa de Gaza, restringindo a passagem de bens e pessoas. O Hamas disse que os atos desta sexta eram uma forma de protesto contra este bloqueio.