Assassinato de duas turistas no Marrocos pode ter motivação terrorista

Corpos da estudante dinamarquesa e a amiga norueguesa foram encontrados em trilha; uma delas foi decapitada

Escrito por AFP ,

A Polícia marroquina se concentra em um "motivo terrorista" na investigação do assassinato de duas turistas escandinavas no sul do Marrocos, após a prisão nesta quinta-feira (20) de três novos suspeitos em Marrakesh, anunciou a Polícia. Os corpos das duas turistas norueguesa e dinamarquesa foram encontrados nesta segunda-feira em um vale nas montanhas do Alto Atlas, ponto conhecido de trilhas e caminhadas. 

Na noite de quinta-feira, eles foram levados do necrotério em Marrakesh, de onde devem ser repatriados para Noruega e Dinamarca. O porta-voz do governo marroquino, Mustapha Khalfi, falou nesta quinta de um "ato criminoso e terrorista" durante uma coletiva de imprensa. "O Marrocos condena com firmeza este crime odioso", disse o chefe do governo, Saad-Eddine el Othmani.

No total, as forças de segurança prenderam quatro homens em Marrakesh após a descoberta do corpo de duas turistas dinamarquesa e norueguesa no vale do maciço do Alto Atlas, uma zona apreciada por visitantes e alpinistas.

O primeiro suspeito relacionado a "um grupo extremista" foi preso na segunda e nesta quinta-feira (20) a Polícia anunciou a prisão de três outros suspeitos, depois de divulgar um mandado de busca pela manhã, informou a Polícia. 

A investigação tenta "verificar o motivo terrorista, com base em evidências e informações da investigação", explicou em comunicado o Escritório Central de Investigações Judiciais (BCIJ), uma unidade policial de elite responsável pela investigação do caso.

Análise de vídeos
Concretamente, os agentes marroquinos analisam "um vídeo divulgado nas redes sociais e apresentado como a cena do assassinato de uma das duas turistas", informou o promotor de Rabat em um comunicado.

Eles também estão analisando um vídeo que circulou no Twitter nesta quinta-feira no qual quatro homens, apresentados como os principais suspeitos, juram lealdade à organização extremista Estado Islâmico, afirmaram à AFP autoridades das forças de segurança. 

Louisa Vesterager Jespersen, uma estudante dinamarquesa de 24 anos, e sua amiga norueguesa Maren Ueland, de 28, empreenderam uma viagem de um mês pelo Marrocos. Seus corpos foram encontrados na segunda-feira, depois de terem sido assassinados no acampamento ao ar livre onde pretendiam passar a noite, na trilha até o topo do Monte Tubqal, a montanha mais alta do norte da África.

Uma das duas jovens foi decapitada, segundo uma fonte próxima à investigação.

O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, denunciou "um crime bárbaro", enquanto a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, condenou "um ataque brutal e insensato contra pessoas inocentes". 

O porta-voz do governo marroquino destacou os "esforços" dos serviços de segurança na luta contra o terrorismo e felicitou "os que em um tempo recorde conseguiram prender os (supostos) autores" do duplo assassinato. Segundo informações obtidas pela AFP, a Polícia marroquina considera seriamente o "motivo terrorista". 

"A pista radical islamita não foi descartada devido ao perfil do suspeito detido e de outros três homens procurados (...) que têm vínculos com o entorno islamita radical", declarou à AFP uma fonte próxima à investigação. 

Os três homens detidos na quinta-feira procedem de Marrakesh e um deles tem antecedentes judiciais "relacionados a atos de terrorismo", segundo informações obtidas pela AFP.