O segundo milagre do técnico Lisca

Escrito por Tom Barros , tom@diariodonordeste.com.br

O Ceará finalmente alcançou a tão almejada classificação para permanecer na elite nacional. Sofrida, muito doída, e, por isso mesmo, tão festejada. Nesta partida, uma reflexão sobre Lisca, Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi. Esse senhor, de 46 anos de idade, parece predestinado a sempre salvar o Vozão, livrando-o dos abismos. Espécie de anjo da guarda, atento aos riscos do protegido. Mas há que se reconhecer: neste ano 2018, o anjo demorou a chegar. Chegou, mas grande já era o estrago feito. O trabalho de recuperação exigiu algo mais. E Lisca trouxe esse algo mais. Inacreditável a vitória sobre o Flamengo em pleno Maracanã. Inacreditável a vitória sobre o Cruzeiro em pleno Mineirão. Inacreditável a derrota para o Bahia em pleno PV. E assim, trafegando entre inacreditáveis vitórias e derrotas, o Vozão desembarcou na terra prometida. Uma lição que fica para as devidas correções de rumo. Para 2019, o Ceará jamais poderia tropeçar na mesma pedra, ou seja, não planejar com a devida antecedência a Série A. Basta de apreensão. Em 2015, com Lisca, escapou da queda para a Série C. Agora escapou da queda para a Série B. O segundo milagre do técnico Lisca.

Oportunidade

Na Série A o Ceará poderia ter tido uma situação mais confortável, sem tantos atropelos e apreensões. Bastaria ter obtido melhor índice de aproveitamento nas finalizações. Para o Vozão assinalar um gol é uma novela. Na maioria das vezes fica na dependência de gols de Arthur e Leandro Carvalho. Incrível.

Pênaltis

Fator preponderante na definição de jogos, o acerto na cobrança de pênaltis virou inquietação no Ceará. Arthur entrou em pânico e perdeu o que seria o da vitória sobre o Botafogo. Anteontem, Richardson perdeu pênalti diante do Atlético-PR. Poderia por antecipação, lá mesmo em Curitiba, ter definido a situação do Ceará na Série A. Finalização foi um calo na vida alvinegra. Lisca que o diga.

Segurança

Ao contrário dos erros de conclusão, que geraram tanta incerteza em Porangabuçu, a segurança de Everson garantiu muitos resultados bons para o Ceará. Everson está sendo um dos melhores da competição. Já merecia até convocação para a Seleção Brasileira.

A transitoriedade de clubes nordestinos na Série A é um fato. O futebol cearense jamais passou três anos consecutivos na Série A. O máximo que conseguiu foi a permanência por dois anos seguidos. Ceará e Fortaleza já passaram três anos na elite nacional, mas não três anos seguidos. A continuidade é importante para o amadurecimento da equipe numa competição de alta performance.

Título tem significado maior do que muitas vezes aparenta. Na história do futebol nordestino, só dois times têm título de campeão brasileiro: o Bahia e o Sport. Em 1988, o Bahia ganhou a decisão com o Internacional em Porto Alegre. Vale frisar que, em 1959, o Bahia fora campeão da Taça Brasil. O Sport também sagrou-se campeão brasileiro em 1987, mas a confirmação só veio na justiça anos depois.

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