Noiva de jornalista saudita morto pede punição para os assassinos

Hatice casaria com Jamal, que foi ao consulado para obter documentos para o casamento e nunca voltou

Escrito por Redação ,

A noiva do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado no consulado de seu país em Istambul no início de outubro, quebrou o silêncio e exigiu, ontem (26), punição para todos os autores. "Meu pedido é que todos os responsáveis envolvidos nesta barbárie, do mais baixo ao mais alto nível, sejam punidos e levados à Justiça", declarou Hatice Cengiz.

Jamal Khashoggi, um colaborador de 59 anos do "Washington Post", foi morto em 2 de outubro no consulado saudita em Istambul, onde foi buscar um documento administrativo para poder se casar com Hatice Cengiz.

Sua noiva ficou esperando do lado de fora do consulado que ele voltasse, o que não aconteceu. "Eu comecei a tremer quando percebi que algo tinha acontecido com ele", contou. "De repente, imenso medo tomou conta de mim".

Depois de várias horas de espera, Cengiz indicou que ligou para a recepção do consulado para informar que Khashoggi não havia saído. "Disseram que não havia ninguém lá dentro", relatou.

Ela então ligou para um amigo do jornalista, Yasin Aktay, que é um dos conselheiros do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

A Polícia foi notificada e a investigação iniciada. Segundo o governo turco, o jornalista foi morto por uma equipe de 15 agentes sauditas que vieram especificamente para a operação. "Nunca achei que passaria por isso", declarou Cengiz, acrescentando que o consulado não permitiu que ela entrasse com o noivo. O corpo de Khashoggi ainda não foi encontrado.

Ontem, Erdogan anunciou que o procurador-geral saudita viajará amanhã a Istambul para a investigação sobre o assassinato e afirmou ter mais provas relacionadas ao crime.

"Quem deu a ordem? As autoridades (sauditas) devem explicar", questionou o chefe de Estado turco.