Mesmo na UE, mulheres ainda ganham menos

Agência de estatísticas divulga ranking sobre diferenças salariais na véspera do Dia Internacional da Mulher

Escrito por Redação ,
Legenda: Turca Devrim Ozdemir trabalha como bombeira no sul do país; a presença feminina avança no mercado global, mas desigualdade salarial segue
Foto: Foto: AFP

Luxemburgo. Para cada euro recebido por um homem na União Europeia (UE) em 2016, uma mulher ganhou em média 0,84 centavos de euro, informou a agência europeia de estatísticas Eurostat ontem.

"Em 2016, a diferença salarial não corrigida entre homens e mulheres apenas superava 16% na União Europeia", indicou, em um comunicado, apontando que a menor diferença foi registrada na Romênia.

Abaixo da média de 16,2%, além da Romênia (5,2%) se situaram a Itália (5,3%), Bélgica (6,1%), Polônia (7,2%), Malta (11%) e Suécia (13,3%).

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Já a Estônia (25,3%) lidera o grupo de países com uma diferença superior à média, seguida pela República Tcheca (21,8%) e pelas duas primeiras economia do bloco - Alemanha (21,5%) e Reino Unido (21%).

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher (8 de março), o Eurostat também comparou a situação salarial entre 2016 e 2011 (16,8%, de média), indicando uma diminuição da brecha na maioria dos países da UE.

No entanto, a diferença salarial progrediu em dez países, com Portugal liderando.

As portuguesas ganharam 17,5% a menos do que os portugueses em 2016, ou seja, 4,6 pontos a mais do que cinco anos antes. Os demais países onde houve um aumento foram Bulgária, Irlanda, Croácia, Lituânia, Malta, Polônia, Eslovênia e Reino Unido.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, no ritmo atual a igualdade profissional entre homens e mulheres só deve acontecer em 2234. A cada ano, um dia de luta pela igualdade salarial, "Equal Pay Day", simboliza as diferenças. É programado para o dia em que as mulheres alcançam a remuneração média recebida pelos homens no ano anterior, segundo Valentine Viard, da associação Business and Professional Women (BPW).

Em 2018, a Espanha atingiu o "Equal Pay Day" em 22 de fevereiro e nos Estados Unidos no dia 10 de abril.

Violência sexual

Em outra frente na luta contra a desigualdade, os movimentos feministas e cientistas sociais especulam se o #MeToo terá um impacto duradouro para os direitos das mulheres? Cinco meses depois da explosão do escândalo Harvey Weinstein, a mobilização contra a violência sexual é quase planetária, mas os desafios sobre a igualdade de gênero persistem. Além do #MeToo e do #Timesup, nascidos nos EUA, outras iniciativas históricas permitiram às mulheres conquistar direitos.

A Arábia Saudita, único país do mundo que proíbe as mulheres de dirigir, anunciou que elas poderão estar à frente do volante a partir de junho.

Apesar do tímido avanço, as sauditas continuam sob a tutela dos homens no país e a luta feminina por igualdade em todas as regiões do mundo prosseguem, quer seja em movimentos globais como o #MeToo, quer seja em iniciativas regionais.