Líderes coreanos estão cotados ao Nobel da Paz

Kim Jong-un (norte) e Moon Jae-in (sul) podem ser agraciados amanhã por esforços para o fim da guerra na península

Escrito por Redação ,
Legenda: Em abril, o líder norte-coreano, Kim Jong-un (esq.), cumprimentou o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao chegarem à vila de Panmunjom, marcando o degelo diplomático
Foto: AFP

Oslo. Com 331 indivíduos e organizações propostos para o prêmio Nobel da Paz, que será anunciado amanhã (5), há muita especulação a respeito do possível vencedor. As casas de apostas apontam grandes chances de que saia para o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, após a recente aproximação entre os dois países. Mas os especialistas em Nobel - que erram com muita frequência estão céticos sobre esta possibilidade. "De um lado, o avanço intercoreano é, penso, a coisa mais espetacular nesta âmbito este ano. Do outro, questiono se dar o prêmio com base nisto não seria prematuro", afirma o diretor do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, Dan Smith.

>> Mulheres ganham espaço na premiação

A falta de avanços de Kim Jong-un na área de direitos humanos não ajuda a alavancar seu nome. Outra possibilidade é dar o prêmio apenas para Moon Jae-in, que "fez um bom trabalho para promover a paz nos Jogos Olímpicos" de Inverno em Pyeongchang, destaca o professor sueco Peter Wallensteen, especialista em temas internacionais. O nome de Donald Trump também aparece nas listas. O presidente americano já foi citado como merecedor do prêmio por figuras de destaque como o ex-ministro britânico das Relações Exteriores Boris Johnson e pelo próprio Moon Jae-in por sua iniciativa na península coreana. Trump está entre os três mais citados na lista da casa de apostas Betsson.

Mas um prêmio assim seria "inapropriado", insiste Dan Smith, que recorda decisões "muito negativas para a paz", como a de retirar os Estados Unidos dos acordos sobre o clima e sobre o programa nuclear iraniano.

Outros nomes

A reconciliação incipiente entre Etiópia e Eritreia também alimenta a esperança de uma paz duradoura entre dois países inimigos africanos.

Para Wallensteen, o prêmio poderia ser atribuído ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, apesar de ter chegado ao poder em abril. Alguns analistas apontam candidatos mais "clássicos" para suceder à vencedora de 2017, a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican). No contexto do movimento #MeToo, o prêmio poderia recompensar pessoas de destaque na luta contra a violência sexual, como o ginecologista congolês Denis Mukwege, indicado diversas vezes, ou a jovem yazidi Nadia Murad, ex-escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico.

O diretor do Instituto de Pesquisas da Paz de Oslo, Henrik Urdan, menciona o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a agência da ONU que alimenta milhões de pessoas a cada ano.

Entre outros citados como possíveis vencedores estão o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o blogueiro saudita Raif Badawi, organizações de defesa da liberdade de imprensa, como a Repórteres Sem Fronteiras, e defensores dos direitos humanos na Rússia, como a ONG Memorial e o jornal "Novaia Gazeta".