Itália negocia para sair de caos político
Terceira economia da zona do euro enfrenta incertezas sobre o novo governo que pode unir forças 'antieuropeias'
Roma Luigi di Maio, líder italiano do Movimento 5 Estrelas (populista, eurocético, pró-Rússia e antissistema), partido mais votado nas eleições de março, propôs, ontem, um compromisso para relançar a formação de um governo de unidade com a extrema direita e, assim, tirar o país do impasse político.
Indicado pelo presidente da República Sergio Mattarella para o cargo de premiê, o tecnocrata Carlo Cottarelli, contestado pelos populistas do M5E e pela extrema direita da Liga por ser um controlador austero dos gastos públicos, adiou a formação de sua equipe para permitir as negociações. "É o momento das soluções", declarou Di Maio, que propôs uma personalidade "com o mesmo caráter e valor" para substituir Paolo Savona, conhecido eurocético, vetado por Mattarella, para ser ministro da Economia, o que gerou o caos político.
Por enquanto, Cottarelli, ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), não apresentou seu eventual governo. "Decidiram dar tempo às negociações políticas", informaram fontes da presidência.
O economista, encarregado no domingo de formar um governo técnico de transição, deveria apresentar seu gabinete na terça à tarde, mas o anúncio foi adiado, o que provocou todo tipo de especulação, incluindo a possibilidade de que novas eleições legislativas sejam convocadas logo para o dia 29 de julho.
Mas as negociações entre as forças políticas populistas e de extrema direita que venceram as eleições de março são difíceis.
Extrema direita
O líder da Liga, de extrema direita (anti-imigração), Matteo Salvini se recusa a mexer no Executivo acordado com Di Maio e substituir o controverso Savona. "Ou aprovam o Executivo acordado no domingo tal como está, ou vamos para novas eleições". A imprensa evoca a possibilidade de que Mattarella volte a designar o advogado Giuseppe Conte para formar um gabinete com as forças populistas e, inclusive, falam na ideia de um governo dirigido por Salvini ou por seu braço direito, Giancarlo Giorgetti, figura-chave por ter boas relações com todos os partidos. Se o impasse continuar, Salvini pede novas eleições em setembro.