Itália e França em crise por imigração

Escrito por Redação ,
Legenda: Imigrantes líbios do Aquarius esperam chegar à terra firme na Espanha, após rejeições italiana e maltesa
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Roma/Paris. A crise entre a França e a Itália sobre os migrantes do Aquarius, barco de uma ONG que navega pelo Mediterrâneo com 629 migrantes líbios resgatados no mar, se agravou ontem, com Roma exigindo desculpas de Paris após declarações que considerou "inadmissíveis".

Novo capítulo desta crise, o ministro italiano das Finanças, Giovanni Tria, desistiu de se reunir ontem com o francês Bruno Le Maire, que "lamentou" esta decisão e disse esperar um novo encontro "muito em breve".

Na terça-feira (12), o presidente francês Emmanuel Macron criticou o "cinismo e irresponsabilidade do governo italiano", que se negou a receber o Aquarius. Após 72 horas de crise em pleno Mediterrâneo, este navio humanitário, fretado pela ONG francesa SOS méditerranée, começou sua longa travessia ontem à noite com destino à Espanha, que aceitou abrir a ele o porto de Valência.

"Estamos atualmente ao sul da Sicília, e nossa chegada está prevista para sábado às 21h em Valência. Mas em vista das condições meteorológicas, com ondas de até 2 metros, a viagem pode atrasar", afirmou Aloys Vimard, da Médicos Sem Fronteiras.

As palavras do presidente francês foram muito mal recebidas em Roma, particularmente pelo homem forte do governo italiano e chefe da Liga (extrema-direita), o ministro do Interior Matteo Salvini, que imediatamente exigiu um pedido de desculpas de Paris. A escalada entre os dois países acontece antes de um Conselho Europeu nos dias 28 e 29, que deve se concentrar na questão migratória. A crise também mostra a cacofonia que reina na Europa sobre o tema.

Um novo "eixo na luta contra a imigração ilegal" entre Áustria, Itália e Alemanha foi oficializado ontem pelo chanceler austríaco Sebastian Kurz.

A Itália acusa regularmente seus parceiros europeus, a começar pela França, de deixá-la sozinha frente a esta crise e os 700 mil migrantes que desembarcaram em suas costas desde 2013.