Irã registra 13 mortes em onda de protestos

Teerã tenta reprimir as maiores manifestações contra o governo desde 2009, enquanto EUA e Israel dão apoio aos atos

Escrito por Redação ,
Legenda: Estudantes iranianos entram em confronto com a polícia na Universidade de Teerã, em protesto contra a crise econômica e o regime dos aiatolás
Foto: FOTO: AFP

Teerã. O Irã vive uma onda de protestos contra o governo, que deixou pelo menos 13 mortos, incluindo um policial, em confrontos com as forças de seguranças e repercutiu entre as principais potências do mundo. São as maiores manifestações contra o regime iraniano desde a eleição presidencial de 2009, com milhares de pessoas saindo às ruas em várias cidades nos últimos dias.

Ontem, novas manifestações voltaram a tomar as ruas de Teerã. Os atos começaram na quinta-feira em Mashhad (nordeste) e desde então se disseminaram por várias cidades.

No domingo (31), o Irã bloqueou o acesso ao Instagram e ao popular aplicativo de mensagens Telegram, usado pelos ativistas para se organizar.

O presidente iraniano Hassan Rouhani admitiu que há um descontentamento público pela economia (inflação e desemprego), mas advertiu que o governo não hesitará em combater aqueles que considera "foras da lei".

Os desafetos do país aproveitaram os protestos para atacar.

'Fome de liberdade'

Em novas críticas ao governo iraniano, o presidente Donald Trump afirmou, ontem, que é "tempo de mudança" no Irã e que a população do país está "com fome" de liberdade.

Israel considera o Irã seu maior inimigo, citando décadas de retórica hostil pelos líderes iranianos, apoio a grupos militantes anti-Israel e seu desenvolvimento de mísseis de longo alcance. O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, desejou que os manifestantes tenham "sucesso na nobre busca pela liberdade".

Chamando os manifestantes de "bravos" e "heroicos", Netanyahu disse, ontem, que eles buscaram liberdade, justiça e "as liberdades básicas que lhes foram negadas por décadas".

O primeiro-ministro criticou a resposta do regime iraniano aos protestos e também repreendeu os governos europeus por assistir "em silêncio" às manifestações à medida que os atos se tornam violentos.

A Alemanha pediu ao governo do Irã para que os cidadãos iranianos possam exercer seu direito a protestos pacíficos no país. O ministro de Relações Exteriores alemão, Sigmar Gabriel, disse que estava "muito preocupado" com relatos de 13 mortes e numerosas prisões no Irã.

Gabriel afirmou que "apelamos para que o governo iraniano respeite os direitos dos manifestantes de usar sua voz de forma livre e pacífica". Ele disse, ainda, que "após o confronto dos últimos dias, é ainda mais importante para todos os lados se absterem de ações violentas".

A Alemanha é uma das potências que aceitaram o acordo nuclear de 2015 do Irã, no qual as sanções do país foram deixadas de lado em troca de que o Irã tomasse medidas para limitar o enriquecimento de urânio.