Idlib pode virar a pior catástrofe do século XXI

Província no nordeste da Síria vive iminência de uma ofensiva entre grupos extremistas e forças leais ao regime

Escrito por Redação ,

Genebra/Idlib. A batalha de Idlib, a última fortaleza rebelde na Síria, pode se tornar a "pior catástrofe humanitária" do século XXI, advertiu o subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários, ontem.

"Tem de haver maneiras de resolver este problema sem que Idlib se torne a pior catástrofe humanitária, com a maior perda de vidas humanas no século XXI", disse Mark Lowcock, em Genebra, onde deve se reunir com representantes das agências de organizações humanitárias. "Sabe-se que há muitos combatentes, incluindo terroristas de organizações proibidas, mas acho que há 100 civis, a maioria mulheres e crianças, para cada combatente em Idlib", acrescentou. O enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, repetidamente pediu por "corredores de evacuação voluntários".

Cerca de 3 milhões de pessoas vivem na província, metade deslocadas de outras regiões da Síria. Lowcock explicou que a ONU estava preparada para distribuir ajuda para cerca de 800 mil pessoas, das quais 100 mil poderiam ir para uma área controlada por Damasco e 700 mil para o interior da província de Idlib em um primeiro momento.

O regime de Damasco concentrou forças em torno de Idlib, bombardeando intensamente nos últimos dias.

Ainda, segundo a ONU, cerca de 30 mil pessoas foram desalojadas pelo bombardeio do regime sírio e seu aliado russo na província de Idlib e em territórios adjacentes mantidos pelos rebeldes.

O conflito na Síria deixou mais de 350 mil mortos desde março de 2011 e milhões de pessoas deslocadas.

Jihadistas

Milhares de jihadistas estrangeiros presentes na província de Idlib dizem que estão dispostos a lutar até a morte para defender Idlib. Desde 2015, a província no nordeste da Síria, perto da fronteira turca, concentra um grupo de milícias que lutam contra o regime de Damasco. De rebeldes moderados a islamitas e jihadistas ligados à Al-Qaeda ou vindos do exterior.

Entre os estrangeiros há combatentes uzbeques, chechenos e até uigures da região autônoma chinesa de Xinjiang.

'Dispostas a morrer'

Diante de uma ofensiva que parece iminente, "essas pessoas não têm lugar para ir e estão dispostas a morrer", declarou Sam Heller, analista do International Crisis Group (ICG).

"Eles são um verdadeiro obstáculo para qualquer solução negociada", estimou.

Cerca de três milhões de pessoas, metade delas deslocadas, vivem na província de Idlib e nos redutos rebeldes das regiões vizinhas de Hama, Aleppo e Latakia, segundo a ONU.

Para evitar uma ofensiva devastadora, os três principais aliados das forças beligerantes - Rússia, Turquia e Irã - não conseguiram encontrar uma solução durante uma cúpula organizada na sexta-feira (7). A Rússia exige que a Turquia, que apoia os rebeldes, pressione os grupos jihadistas para que se dissolvam.