Herdeiro saudita Bin Salman vira suspeito da morte de jornalista

Príncipe Mohamed Bin Salman pode ter ordenado a captura de Jamal Khashoggi

Escrito por Redação ,

O jornalista saudita Jamal Khashoggi, de 60 anos, era um profundo conhecedor dos segredos e dos bastidores da monarquia do grande país produtor de petróleo. No dia 2 de outubro, ele compareceu ao consulado da Arábia Saudita em Istambul, maior cidade turca, com o objetivo de cumprir os trâmites burocráticos para seu casamento. Desde então, não há notícias sobre o seu paradeiro. Para a imprensa turca, ele foi torturado e decapitado dentro do consulado, a mando do príncipe herdeiro saudita Mohamed Bin Salman.

A motivação do crime seria o fato de Jamal escrever artigos críticos sobre o regime saudita para a imprensa americana. Ele colaborava com o jornal "Washington Post". Fontes do governo turco afirmaram que ele foi assassinado por 15 agentes enviados pelo príncipe Bin Salman.

Legenda: Jamal Khashoggi sabia demais sobre os segredos do reino e passou a irritar o príncipe
Foto: AFP

O cônsul Mohamad Al Otaibi, que segundo a imprensa turca estava presente no consulado durante o crime, viajou de Istambul para Riad, capital saudita. Um dos homens identificados pelas autoridades turcas como agente enviado a Istambul faz parte do entorno de Bin Salman, afirmou o jornal "New York Times".

Segundo o NYT, que publicou várias fotos, Maher Abdulaziz Mutreb acompanhou o príncipe em sua viagem aos EUA em março, assim como a Madri e Paris um mês depois.

Defesa de Trump

O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu a Arábia Saudita ante as crescentes acusações relacionadas ao caso do desaparecimento do jornalista. "Acho que temos que ver o que aconteceu primeiro", disse, completando que não gosta da premissa de "você é culpado até que se prove ao contrário". A Arábia Saudita é uma grande compradora de armamento dos EUA e principal aliada no Oriente Médio para reduzir a influência regional do Irã, inimiga dos EUA.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se negou a culpar a Arábia Saudita. Pompeo reuniu-se, ontem, em Ancara, com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para abordar o caso.

Apesar dos múltiplos indícios que apontam o envolvimento da Arábia Saudita no caso, o governo americano parece dar o benefício da dúvida a um país aliado.

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