Ex-garçom, Gigi lidera maior partido da Itália

Movimento político criado por humorista rouba a cena na eleição legislativa da 3ª maior economia da Europa

Escrito por Redação ,
Legenda: Aos 31 anos, o napolitano Luigi Di Maio, o Gigi, que ficou famoso com um site de protesto contra a corrupção, se consolida como novo líder europeu
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Roma. Os italianos foram, ontem, às urnas escolher um novo Parlamento para governar o país. Os números finais da votação serão divulgados hoje, mas pesquisa de boca de urna confirmou uma nova força política na terceira maior economia da Europa. Com 31 anos, ex-garçom, o jovem Luigi Di Maio é um dos vitoriosos. O seu Movimento 5 Estrelas (M5E) é agora o maior partido italiano, desbancando o Partido Democrático, de centro esquerda, atualmente no poder.

Apelidado de "Gigi" pelos seus apoiadores, Luigi Di Maio teve sua ascensão política meteórica. Sempre vestido de forma elegante, o candidato oficial do M5E a primeiro-ministro é, desde 2013, vice-presidente da Câmara dos Deputados, o mais jovem da história da Itália. Com um estilo bem diferente daquele do irreverente humorista Beppe Grillo, o fundador do movimento famoso por suas vulgaridades, Di Maio é a nova estrela da sigla, que conquistou a simpatia de boa parte dos italianos fartos da corrupção e dos privilégios da classe política.

A boca de urna mostrou o M5E, considerado um partido populista, de protesto, antissistema, com 29% a 32% dos votos. Para governar sozinho, a sigla precisaria de 40%. Como não alcançou isso, terá de fazer coalizão ou ficar na oposição.

Em menos de dez anos, mesmo sem experiência, ou título universitário, Gigi escalou rapidamente todos os degraus do movimento antissistema.

Iniciou sua carreira em Nápoles, onde sofreu sua primeira derrota em 2010, até chegar, três anos depois, ao Parlamento e ser eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados, aos 26 anos. O jovem napolitano se transformou no indiscutível líder da nova força política do país.

"É um moderado, tranquiliza as mães", diz o jornalista Jacopo Iacoboni em um livro, no qual o retrata como "uma criatura criada pela empresa de marketing Casaleggio Associati", a consultoria que cuida do site do M5E.

"Eles são jovens, modernos e têm boas ideias. Nós devemos dá-lhes uma chance", disse o eleitor napolitano Alessandro Esposito, de 64 anos, entusiasta do M5E. "Ele é sempre muito educado e cordial. Há muito apoio ao M5E por aqui. Eles representa, algo diferente", afirmou outro eleitor, Maurizio Florio.

Populismo em alta

Nascido em 6 de julho de 1986 em Avelino, no sul do país, cresceu na pequena localidade industrial de Pomigliano d'Arco, na periferia de Nápoles. Filho de um empresário da construção afiliado ao Movimento Social Italiano - herdeiros do ditador fascista Mussolini- e de uma professora de latim e de grego, sempre foi considerado um "bom rapaz". Dotado de notável calma, Gigi rejeita como pejorativa a definição de "populistas", a qual costuma ser dada pelos analistas aos dirigentes do M5E, que promete saláriouniversal de R$ 3.000 no país.

Para consolidar a imagem de homem moderado, suavizou as posições do movimento em relação a uma eventual saída da União Europeia e não descarta se aliar com outros partidos.

"Em temas de ética e de imigração, o candidato a primeiro-ministro do M5E é como um surfista: segue a onda do momento", escreveu o semanário católico "Famiglia Cristiana".

A falta de estudos e sua curta experiência profissional alimentam a ideia de que seja só uma marionete de Grillo. A partir de agora, o mundo vai acompanhar como Gigi e seu M5E vão negociar com a coalizão de direita liderada pelo magnata Silvio Berlusconi, que colheu mais de 30% dos votos, mas sem a maioria necessária para governar. Já o partido nacionalista Liga, que se descreve como "pós-fascista", teve de 13% a 16% dos votos.