Degelo do Ártico cria nova rota marítima e preocupa

Pela primeira vez, navio gigante cruza região polar do Hemisfério Norte; ONG alerta para riscos de poluição

Escrito por Redação ,

São Petersburgo. É uma consequência do degelo que pode revolucionar o frete mundial. Um porta-contêiner dinamarquês chegou a São Petersburgo (segunda maior cidade da Rússia), ontem, após cruzar o Ártico pelo norte, uma façanha para um navio dessas dimensões.

Antes, esta rota, chamada "passagem do norte-leste", podia ser cruzada só durante umas poucas semanas do ano e por barcos de porte menor do que este gigante dos mares. Hoje, é acessível durante mais tempo, devido ao aquecimento global.

Embora continue sendo difícil e custoso, a Rússia tenta desenvolver esta rota marítima, que permite que os navios ganhem quase 15 dias em relação à via clássica pelo Canal do Suez.

O novo navio "Venta", do gigante dinamarquês do frete Maersk, de 200 metros de comprimento, transporta quase 36 mil contêineres. Carregado de peixe congelado russo e de componentes eletrônicos coreanos, o porta-contêiner esteve acompanhado durante o trajeto por quebra-gelos nucleares. Até hoje, só as embarcações menores faziam essa rota, como os navios que levam à Europa e Ásia o gás da península russa de Yamal.

Em poucas décadas, a calota polar do Ártico perdeu quase metade de sua superfície. Essa tendência preocupa as organizações de defesa do meio ambiente, que temem a ocorrência de marés negras em um ecossistema até agora relativamente preservado. "É importante saber que tipo de combustível vão usar", diz Rashid Alimov, do Greenpeace, afirmando que o petróleo é especialmente perigoso.

Em caso de acidente, "não haveria infraestrutura para eliminar as consequências", alerta.

Uma popularização dessa rota teria como consequência uma intensificação da presença de hidrocarbonetos no Ártico.