Cúpula com Kim ainda pode ser dia 12

Negociação de encontro histórico entre líderes da Coreia do Norte e dos EUA é marcada por nova fase de incertezas

Escrito por Redação ,
Legenda: Em Seul, sul-coreanos acompanharam pela televisão de estação de trem imagens do desmantelamento da base de testes nucleares no país vizinho
Foto: FOTO: AFP

Washington/Pyongyang. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mudou ontem o discurso pela segunda vez.

Agora ele avisou que é possível que a reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ocorra no próximo 12 de junho "ou em uma data posterior".

"Podem acontecer muitas coisas. Inclusive, talvez, é possível que a cúpula existente ainda possa ocorrer, ou uma cúpula em uma data posterior. Ninguém deveria estar ansioso, temos que fazer as coisas bem", afirmou Trump, pouco depois de anunciar o cancelamento do encontro. Mais cedo, Trump afirmou que havia sido cancelada a cúpula prevista para 12 de junho em Cingapura devido à "hostilidade" recente por parte do país. "A cúpula de Cingapura, para o bem de ambas as partes, mas em detrimento do mundo, não vai acontecer", diz Trump em carta dirigida ao líder norte-coreano.

A expectativa é que a reunião entre Kim e Trump marque a primeira vez em que os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se reúnem em 70 anos de conflito, que começou com a Guerra da Coreia (1950-1953).

Segundo observadores, a escolha de Cingapura se deve provavelmente à neutralidade, sua infraestrutura de segurança e histórico em sediar cúpulas internacionais. Além disso, encontra-se numa rara posição de ter laços diplomáticos amistosos com Washington e Pyongyang.

Reunião

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, convocou, ontem, uma reunião de urgência de seu gabinete de segurança, após o anúncio da suspensão da cúpula entre Estados Unidos e Coreia do Norte, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Moon convocou seu chefe de gabinete, seu conselheiro de segurança, o chefe de Inteligência, o ministro para a Reunificação e outros funcionários de alto escalão, informou seu secretário de imprensa, Yoon Young-chan, aos jornalistas.

Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, afirmou ontem que estava "profundamente preocupado" com a notícia do cancelamento do encontro previsto entre Trump e Kim.

Falando na Universidade de Genebra, Guterres pediu que as partes trabalhem para "encontrar um caminho para a desnuclearização pacífica e verificável da Península Coreana".

As declarações de Guterres são dadas no momento em que ele estabelece sua agenda para o desarmamento. O secretário-geral advertiu que os acordos nucleares entre Estados têm sido mais ameaçados do que nunca.

Base de testes

A Coreia do Norte desmantelou o centro de testes nucleares do país, informaram os meios de comunicação convidados a acompanhar a operação, uma ação apresentada pelo regime norte-coreano como um gesto de boa vontade antes de uma possível reunião de cúpula com os Estados Unidos.

Pouco depois, a Coreia do Norte afirmou que demoliu por completo seu único centro de testes nucleares, com uma série de explosões programada. O instituto informou que dois túneis que entram pela montanha eram, antes da destruição, "utilizados para testar poderosas explosões nucleares subterrâneas a qualquer momento". Não foram detectados vazamentos radioativos no local durante as operações, segundo nota. As autoridades sul-coreanas disseram esperar que a medida sirva para um "avanço à total desnuclearização" do regime de Pyongyang.