Crise migratória será alvo de sessão emergencial da OEA

Organização dos Estados Americanos vai reunir seus membros no dia 5 de setembro para debater êxodo maciço

Escrito por Redação ,
Legenda: No Brasil, refugiados da Venezuela embarcaram em aviões da FAB para serem distribuídos de Boa Vista (RR) para outras capitais
Foto: Foto: Agência Brasil

Washington/Pacaraima A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou ontem uma sessão extraordinária de seu conselho permanente "para considerar a crise migratória originada pela situação na Venezuela", a ser realizada em 5 de setembro na sede do organismo regional em Washington.

Segundo a ordem do dia publicada, a reunião convocada a pedido do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, contará com a participação dos Estados-membros, assim como de representantes da Organização Internacional das Migrações (OIM) e do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A Venezuela, afundada em uma gravíssima crise econômica com hiperinflação e escassez de todos os tipos de bens e serviços, viu nos últimos meses um êxodo maciço de sua população. De acordo com a OIM e o Acnur, dos 2,3 milhões de venezuelanos que vivem no exterior, e que representam 7,5% da população total, mais de 1,6 milhão fugiram desde 2015.

Almagro pediu em 20 de agosto que fosse convocado o Conselho Permanente da OEA, órgão que reúne os 34 Estados-membros, em um prazo de duas semanas para abordar a migração venezuelana, indicando que a situação é "desesperadora" e "pode piorar". "Infelizmente, pelas condições do governo ditatorial que sofre a Venezuela e sua completa dissociação dos problemas de sua população, o mesmo está mostrando a sua incapacidade absoluta de assegurar a satisfação das necessidades básicas da maior parte de sua população", disse então Almagro em uma carta à presidência do Conselho Permanente, que atualmente é ocupada pela Costa Rica.

Repatriados

O governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro assegurou, ontem, que recebeu milhares de solicitações de venezuelanos que desejam ser repatriados, após emigrarem a vários países da região. O êxodo do outrora rico país petroleiro levou os governos de Peru e Equador a implementarem controles para regular a entrada, enquanto o Brasil anunciou o envio temporário das Forças Armadas à fronteira com a Venezuela após o surto de violência na região.

No Brasil, a declaração do presidente Michel Temer sobre a possibilidade de o governo distribuir senhas para controlar a entrada de venezuelanos no País, feita na manhã de ontem, gerou mal-estar no Planalto e obrigou a secretaria de comunicação social da Presidência da República a divulgar uma nota à tarde corrigindo a informação.

Segundo o documento, as senhas visam a "aprimorar um processo de atendimento humanitário em Roraima, o que não pode ser confundido, em hipótese alguma, com fechamento à entrada de venezuelanos no Brasil".