Brasil vai ajudar a criar Bolsa Família no Irã

Escrito por Redação ,
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O governo iraniano vai contar com o auxílio brasileiro para desenvolver programas nas áreas sociais

Genebra O Brasil vai ajudar o Irã a implementar o Bolsa Família, programas equivalentes ao Brasil sem Miséria e programas de capacitação de trabalhadores. Os ministros dos dois países se reuniram em Genebra, na Suíça, para acertar os detalhes da iniciativa, justamente em um momento em que o Irã começa a sentir o maior impacto do embargo econômico e comercial que lhe é imposto pela ONU.

Em Teerã, diplomatas confirmaram que um dos temores do regime é de que crise social alimente ainda mais a tensão e pressione por uma queda do atual regime. Na Tunísia e Egito, governos que se mantinham no poder há décadas só foram derrubados quando a situação social de milhões de pessoas sem trabalho ficou insustentável. Os iranianos querem evitar a repetição desse cenário.

O ministro do Trabalho do Irã, Abdolreza Sheikholeslami, indicou que o governo quer criar 2,3 milhões de empregos no País até 2012. Para isso, quer a ajuda dos programas sociais brasileiros e de treinamento.

Na terça (14), o governo brasileiro insistia que via com naturalidade a cooperação com Teerã. "Nós falamos com todos os países e vamos cooperar com quem nos peça cooperação, incluindo o Irã", disse Carlos Lupi, ministro do Trabalho do Brasil, após a reunião com a delegação iraniana.

Lupi evitou dar detalhes de como seria a adoção dos projetos, mas indicou que o governo brasileiro ajudará o regime de Mahmoud Ahmadinejad a montar uma espécie de rede social. Lupi confirmou que o pedido veio de Teerã.

A diplomacia de Dilma Rousseff havia dado sinais de que adotaria uma nova postura em relação a ditaduras, como a do Irã. Na ONU, votou contra Teerã em relação aos direitos humanos e teceu críticas às violações de direitos humanos. Mas as ações do governo mostram que esse posicionamento não significa um rompimento com Teerã. Há uma semana, o Palácio do Planalto se recusou a receber a prêmio Nobel da Paz, a ativista iraniana Shirin Ebadi.

Sem pressão

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou, ontem, que a presidente Dilma Rousseff tenha sofrido pressão do Irã para não se encontrar com a ativista iraniana.

"O que eu posso dizer é que, em termos de pressão para não recebê-la, não houve. Pelo contrário. Existe o desejo de manter o diálogo sobre temas de interesse comum", afirmou Patriota na manhã de ontem.

O chanceler brasileiro argumentou que Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, estava disponível para um encontro, mas foi opção da iraniana não encontrá-lo.

"É verdade que a presidente não recebeu, mas ela indicou o professor e foi ela quem preferiu (não falar com ele). A porta do Palácio do Planalto foi aberta e compete a cada um determinar em que nível deseja conversar sobre o assunto", disse.