Brasil, EUA e aliados criticam Maduro reeleito

Trump adota medidas para sufocar a economia do país sul-americano, dependente do petróleo e aliado latino da Rússia

Escrito por Redação ,
Legenda: Nicolás Maduro venceu com 68% dos votos, enquanto seu rival mais próximo, Henri Falcón, teve só 21%; resultado não foi reconhecido por 14 países
Foto: FOTO: AFP

Buenos Aires. Representantes da seis países (Argentina, Austrália, Canadá, Chile, EUA e México) emitiram, ontem, comunicado em que se dizem dispostos a estabelecer "medidas políticas, econômicas e financeiras" para aplicar sanções ao "regime autoritário" do presidente Nicolás Maduro, reeleito no domingo para mais seis anos de mandato. Só Bolívia, China, Irã e Rússia, aliados de Caracas, reconheceram o resultado do pleito.

Interlocutores do governo brasileiro informaram que o país não é signatário do documento porque participou de mais dois comunicados, um emitido pelo Ministério das Relações Exteriores e outro do Grupo de Lima, que reúne 14 países: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia).

O Brasil lamentou dizendo, em nota do Itamaraty, que o pleito "careceu de legitimidade e credibilidade". O Itamaraty ressaltou ainda que as eleições ocorreram em meio a presos políticos, partidos e lideranças políticas inabilitados, "sem observação internacional independente" nem autonomia entre os Poderes.

A exemplo do documento do Grupo de Lima, a Argentina e os demais países criticaram a falta de "legitimidade do processo eleitoral venezuelano' e, por isso, afirmam "desconhecer os resultados das eleições" que garantiram a permanência de Maduro no poder por mais seis anos.

Para essas nações, faltaram liberdade, justiça e transparência nas eleições.

O porta-voz desse comunicado em Buenos Aires foi o chanceler argentino, Jorge Faurie, depois de uma reunião de ministros de Relações Exteriores do G20 (grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e mais a União Europeia) na capital argentina. Ao ler o documento, Faurie esclareceu que não serão definidas sanções que prejudiquem o povo, que, para ele, é "a primeira vítima dessa ruptura da democracia venezuelana".

Os venezuelanos enfrentam uma grave crise de desabastecimento, hiperinflação, elevadas taxas de desemprego e problemas relacionados à saúde pública e educação. A perspectiva é que a inflação na Venezuela supere 13.000% até o final do ano, segundo o FMI. Os países vizinhos estão preocupados com o êxodo dos refugiados, que têm cruzado a fronteira venezuelana por causa da crise.

Sanções

Os EUA aumentaram, ontem, a pressão financeira sobre a Venezuela, dificultando a venda de ativos estatais, como os da petroleira PDVSA, após a reeleição de Maduro em uma votação descrita como "farsa" por Washington.

Trump assinou decreto que proíbe os americanos de comprar títulos da dívida venezuelana. Já a coalizão oposicionista MUD exigiu realizar novo pleito e prometeu convocar protestos. "Continuamos lutando por eleições livres e transparentes", afirmou o presidente da Assembleia Nacional, Omar Barboza.