Simplicidade é opção de homenagem aos mortos

Escrito por Redação ,
A imagem de cemitérios modernos é de grandes parques com túmulos espalhados na imensidão

O que se materializava em jogos de poder e prestígio hoje não passa de simplicidade. Os jazigos dos cemitérios de Fortaleza não são mais símbolos da suntuosidade de famílias abastadas e de renome. Em épocas remotas, era comum mandar buscar túmulos de Portugal, nos estilos Neoclássico e Rococó. Ainda é possível ver, entre corredores estreitos, estátuas, alegorias, alabastros, verdadeiros abrigos em mármore e peças em bronze, com lápides preciosas em lotes de grande extensão.

O Cemitério São João Batista é um museu a céu aberto. Com rico acervo de jazigos do século XIX, o local abriga nomes ilustres do Ceará FOTO: LUCAS DE MENEZES

Alguns têm conotação religiosa, como a cruz, símbolo, por excelência, do amor de Deus pelo homem, da redenção do gênero humano e triunfo da fé cristã. Objetos usados não apenas como elementos alegóricos e decorativos, mas com significado e valores para as famílias, destinados a perpetuar a recordação no domínio em que a memória é particularmente valorizada: a morte, como o sociólogo Henrique Sérgio de Araújo Batista cita o historiador francês Jacques Le Goff no livro "Assim na Morte como na Vida - Arte e Sociedade no Cemitério São João Batista".

Os túmulos eram construídos segundo interesses e valores, conforme o sociólogo. Atualmente, basta uma gaveta ou um espaço de terra com uma placa indicando que lá jaz alguém. Flores em volta. Assim, a imagem dos cemitérios modernos é de grandes parques com túmulos espalhados na imensidão.

Para a coordenadora do Grupo de Apoio ao Luto (Plus), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Angela Maria Alves de Souza, os rituais de morte estão cada vez menos vivenciados. "Isso impede, possivelmente, que as pessoas não elaborarem seus lutos, e quando há, posteriormente, qualquer perda, seja por morte ou outro motivo, se antes não processou o primeiro luto, muitas vezes essa pessoa apresenta sintomas de doença física ou mental, afetando aspectos de sua vida", diz.

A realidade dos túmulos simples, somente com flores, faz, segundo a coordenadora, com que as pessoas tenham uma visão amena da morte, não havendo uma relação direta entre o morto e a família. "É como se estivéssemos negando que há a morte", reflete.

Comportamento

A mudança de comportamento se dá por uma questão ainda pouco estudada e discutida pelos seres humanos, que é o medo da morte, como acredita Angela. "A morte é diária e poucos conseguem ver essa finitude cotidianamente. Só deixamos para vê-la quando ela chega", conclui.

O Cemitério São João Batista, no Centro de Fortaleza, é um museu a céu aberto. Com rico acervo de jazigos do século XIX, o local abriga nomes ilustres da história do Ceará, como o Barão de Aratanha, o senador Virgílio Távora, o General Sampaio e tantos outros.

Hoje, não se constrói mais jazigos suntuosos, como afirma o administrador do cemitério, Antônio Carvalho. E nem se compram mais lotes grandes, de 20 metros por cinco metros. "Só vendemos o espaço padrão, de 1,20 metro por 2,40 metros".

Ele revela que a inadimplência traz prejuízos à Santa Casa de Misericórdia, gestora do lugar. "São mais de 2 mil jazigos abandonados". Outra questão, diz ele, é a necessidade de recuperar os túmulos destruídos, e por isso, vem sendo levantada a hipótese de tombamento.

Cemitérios intensificam as ações para o Dia dos Finados

Dia de visitar os que já se foram. No próximo sábado, 2 de novembro, celebra-se Finados. Para receber milhares de pessoas, os cemitérios costumam intensificar a segurança e garantir a limpeza dos locais.

O São João Batista, além de reforçar a segurança, disponibiliza banheiros químicos para os visitantes no Dia de Finados. Podas, pinturas e limpeza de túmulos são ações previstas a cada ano. O cenário desta semana no local era de funcionários varrendo, realizando consertos e famílias antecipando a limpeza dos jazigos e colocação de flores.

Já no Parque da Paz, a preparação começou há mais de 15 dias, com limpeza das placas e corte da grama. No dia 2, mais 20 seguranças estarão no local, que terá apoio da Polícia Militar.

A programação de missas é extensa. No Parque da Paz, que estima receber mais de 100 mil pessoas até domingo (3), as celebrações acontecem no dia 2 em três horários: 8h, 10h e 11h. Além do culto evangélico, que ocorrerá às 12h e às 14h e missa campal às 16h30. No cemitério Bom Jardim, as missas acontecem às 8h e às 16h. Na Parangaba, as celebrações serão às 8h30, 12h e às 16h.

A fim de controlar o trânsito no entorno dos principais, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) preparou um esquema especial com 50 agentes.

Trânsito

O Parque da Paz, um dos locais com expectativa de receber o maior público, terá 20 agentes todo o dia, a partir das 4h. Para garantir a fluidez do tráfego, o retorno em frente ao cemitério, na Av. Juscelino Kubitschek, será temporariamente fechado.

No São João Batista, situado no Centro, 12 agentes farão o controle do trânsito. Já no cemitério do bairro Bom Jardim, o efetivo de apoio será de 12 agentes. No cemitério do bairro Parangaba, oito agentes promoverão o bloqueio da Rua Napoleão Quezado, entre as avenidas Osório de Paiva e Cônego de Castro. Nos demais cemitérios da cidade, o controle do tráfego será realizado através de rotas.

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LINA MOSCOSO
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