Sete crianças aguardam doação de coração

A cirurgia nos pequenos pacientes tem complicações, devido a fase de crescimento; mas tem chance de rejeição muito menor que as realizadas em adultos

Escrito por Barbara Câmara ,

A princípio, era apenas cansaço, resultante das atividades ao sol, durante as férias. Quando surgiram as dificuldades para respirar, os pais do jovem Eduardo Neto, de 15 anos, buscaram auxílio médico. A notícia trazida em agosto, pelos resultados de uma bateria de exames, não foi fácil de digerir: o adolescente precisaria de um transplante de coração.

Eduardo, que convive com distrofia muscular progressiva, passou por mais de dois meses de avaliações, cuidados e espera, até ter a certeza de que poderia passar pela cirurgia e encontraria um doador.

O transplante foi realizado no último sábado (13). Outras sete crianças no Ceará ainda aguardam um novo coração, segundo dados do Hospital de Messejana Doutor Carlos Alberto Studart Gomes. Na unidade, apenas dois transplantes cardíacos pediátricos foram realizados, em 2018.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), foram designados novos corações a 25 pacientes até setembro deste ano. "O problema do transplante pediátrico é que, quanto menor a criança, mais difícil encontrar um doador", explica Klébia Castelo Branco, coordenadora da pediatria e do transplante cardíaco do Hospital de Messejana.

Segundo ela, a cirurgia pode ser complicada, uma vez que o paciente está em fase de crescimento, que implica em uma série de mudanças que o corpo passará, as quais podem influenciar a terapêutica do processo.

Otimismo

O lado positivo, contudo, também existe. O otimismo e vivacidade característicos dos pacientes juvenis facilitam a recuperação, tanto física quanto psicológica, de acordo com Klébia Castelo Branco. "O corpo também recebe o órgão mais facilmente. Há menor chance de rejeição e a recuperação costuma ser mais rápida", explica.

A irmã de Eduardo Neto, Letícia Braga, de 23 anos, descreve a cirurgia do irmão como um 'milagre'. "A operação começou às 21h e foi até 00h40. Ele está bem, não está mais entubado. Já conversou, sorriu, disse que não doeu e não está sentindo nada", revela. Segundo ela, os médicos estimam que Eduardo poderá voltar para casa em um ou dois meses.

Letícia afirma que se conscientizou sobre a doação de órgãos. "Eu vi a realidade de muita gente que precisava. Hoje, incentivo todo mundo a doar", afirma.

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