Reciclagem de lixo deve triplicar em Fortaleza

Escrito por Redação ,
Legenda: Atualmente, a coleta seletiva é realizada por dois caminhões da Ecofor, que percorrem quatro bairros de Fortaleza, recolhendo aproximadamente 100 toneladas de resíduos recicláveis por mês
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Novo projeto de coleta seletiva deve aumentar de 4% para 12% a quantidade de material reaproveitado

Com a implantação da coleta seletiva integrada em Fortaleza, a quantidade de lixo reciclado deve subir de 4% para quase 12% no primeiro ano após a adoção das novas ações. O novo projeto de coleta seletiva da Capital, que será posto em prática até agosto deste ano, foi desenvolvido pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e deve fazer com que a cidade se encaixe nos padrões da política nacional de resíduos sólidos, contidos na lei federal nº 12305/2010.

"Vamos trabalhar em três eixos: criar uma logística específica para os grandes geradores de lixo, distribuir pontos voluntários de coleta na cidade e inserir os catadores nesse sistema, através das cooperativas", explica o coordenador especial de Limpeza Urbana da SCSP, Albert Gradvohl. De acordo com Albert, 36 pontos de coleta serão instalados na cidade, recebendo materiais que serão, posteriormente, encaminhados às cooperativas.

"Fortaleza ainda possui ações muito pontuais quando se trata de coleta seletiva. Hoje, perdemos 15 mil toneladas de lixo doméstico, por mês, que poderiam ser reciclados", avalia o coordenador. A nova política de coleta deve trazer, na visão de Albert, impactos econômicos, ambientais e sociais. "Todo o processo será monitorado para que a população possa acompanhar os resultados e entender que o esforço de separar o lixo vale a pena".

Bairros

Atualmente, a coleta seletiva é realizada por dois caminhões da Ecofor, que percorrem quatro bairros de Fortaleza, recolhendo cerca de 100 toneladas de resíduos recicláveis por mês. O material é encaminhado para três galpões (Bom Sucesso, Jangurussu e Planalto Universo) cedidos a associações de catadores que trabalham na região. Desde a Copa das Confederações, realizada em junho de 2013, os resíduos secos da Arena Castelão são doados para a Cooperativa de Catadores, através de uma ação da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente. Até janeiro deste ano, 67 toneladas de material foram coletados por meio da parceria.

Além dessa produção, há o montante de resíduos recicláveis tratados pelas associações ligadas à Rede de Catadores do Estado do Ceará. "São 39 reuniões de catadores, entre formais e não formais", diz a presidente da Rede, Nilda Sousa.

Uma dessas entidades é a Sociedade Comunitária de Reciclagem de Lixo do Pirambu (Socrelp), fundada há 20 anos, que, além de realizar coleta seletiva no bairro, desenvolve projetos voltados para a educação ambiental na comunidade. Por mês, a Socrelp coleta, em média, 26 toneladas de resíduos, entre papel, plástico, ferro e alumínio.

O material chega ao galpão da associação por meio dos catadores, que recolhem o lixo previamente separado pelos moradores do bairro, e através de parcerias com empresas, órgãos públicos e condomínios.

O Sistema Verdes Mares lançou, no dia 1º de fevereiro, a campanha "Lixo, coloque no seu devido lugar". Com duração de dois meses, a iniciativa, que conta com o apoio da Prefeitura, busca conscientizar o cidadão de que a limpeza urbana depende de todos. Embora a coleta de lixo seja responsabilidade do governo, a campanha lembra o importante papel que pode ser desempenhado por cada cidadão para manter sua cidade limpa.

Coleta beneficia catadores

Um dos eixos trabalhados no novo plano de coleta seletiva de Fortaleza, a integração dos catadores de lixo às cooperativas, envolve ainda a melhoria da qualidade de vida desses profissionais e projetos sociais em comunidades. "Com o monitoramento dessa coleta, vamos acompanhar melhor as condições em que esses catadores estão vivendo, quanto estão ganhando", explica Albert Gradvohl, coordenador especial de Limpeza Urbana da SCSP.

Com a logística da coleta, a intenção é fazer com que os catadores não tenham necessidade de recolher o material na rua e possam atuar dentro das cooperativas, selecionando os resíduos. A mudança contribui, ainda, para evitar lixo solto oriundo da ação de alguns catadores que verificam as sacolas nas ruas.

Núcleos produtivos

As comunidades próximas do galpões e associações onde os resíduos são triados deverão ganhar, segundo Albert, núcleos produtivos de reciclagem."Vamos promover oficinas para que as pessoas aprendam, por exemplo, a confeccionar objetos decorativos a partir do vidro", diz.

A conscientização sobre o tratamento e reciclagem do lixo, de acordo com Albert, deve ganhar proporções maiores à medida que as novas ações forem divulgadas. "A população de Fortaleza tem recebido bem as políticas de coleta seletiva, e quando eles entenderem que isso vai realmente funcionar, vão participar ainda mais", projeta.

De acordo com a presidente da Rede de Catadores do Estado do Ceará, Nilda Sousa, 450 catadores são registrados na associação, mas o número real de pessoas que atuam na coleta é bem maior. Segundo ela, apesar de as ações de coleta seletiva terem crescido, o preconceito contra os catadores ainda é grande. "Muita gente não reconhece o nosso trabalho, e ainda não se preocupa em separar o lixo

Jéssica Colaço
Repórter

SAIBA MAIS
Pontos de entrega voluntária de recicláveis

Igreja da glória Av. Oliveira Paiva, 695 - Cid. Dos Funcionários

Igreja batista central Rua do Cruzeiro, 401 - Ancuri

Igreja de fátima Av. Treze de Maio, 200 - Bairro de Fátima

Igreja canaã Av. Pedro Ramalho, 5454 - Passaré

Mercado central Av. Alberto Nepomuceno, 19 - Centro

Ecoponto leste oeste Av. Leste Oeste, 2949 - N. Senhora das Graças

Ecoponto varjota Rua Meruoca, S/N - Varjota

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