Quase 900 auxílios-funeral são fornecidos em Fortaleza

Caixão, flores, velório, enterro. Como qualquer outro serviço, tudo isso tem um custo. Porém, nem todas as famílias podem pagar

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@diariodonordeste.com.br

Uma existência reduzida a nove caracteres, marcadas numa pedra lisa, sobre a grama, ao lado de centenas de outras histórias. O endereço pode ser qualquer uma das ruelas do Cemitério Público Parque Bom Jardim, onde as pessoas falecidas são sepultadas na Capital caso a família não possua jazigo particular. Se, muitas vezes, o dinheiro é curto na vida, falta também na hora da morte: até agosto deste ano, 881 pessoas foram enterradas em urnas funerárias concedidas pela Prefeitura.

São quase quatro por dia, mesma média dos doze meses de 2017, quando houve 1.337 serviços funerários do tipo. A família do falecido entra em contato com o Serviço Social de hospitais públicos, Unidades de Pronto-Atendimento (Upas), Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), Perícia Forense (Pefoce) ou Centros de Referência de Assistência Social (Cras), onde um assistente social preenche o encaminhamento para o auxílio-funeral e contata a funerária para o início do serviço.

O chamado "benefício eventual" se destina, segundo a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), aos cidadãos e às famílias "sem condições de arcar, por conta própria, com o enfrentamento de contingências sociais". Para os mais desassistidos, como desconhecidos cujos corpos não foram reclamados, pessoas em situação de rua ou abandonados em hospital, qualquer pessoa pode fazer o requerimento.

No equipamento do Bom Jardim, a situação de superlotação perdura há, pelo menos, oito anos. De tempos em tempos, a Prefeitura precisa exumar corpos para dar espaço a novos hóspedes temporários. Os processos mais recentes, iniciados no ano passado (quando completou mais de 111 mil sepultamentos), tentam prolongar a vida útil do espaço.

O problema é que a legislação impede que corpos com menos de cinco anos de sepultamento sejam exumados. A Secretaria Regional V, responsável pela administração do cemitério público, foi procurada pela reportagem a respeito do assunto e informou que se pronunciaria nesta terça (9).

Desconhecido por parte da população, o benefício eventual por morte é gratuito e garantido pela lei desde 1993

84.341 m² de área do equipamento

O Cemitério do Bom Jardim, inaugurado em 9 de julho de 1994, é o único espaço público da Capital a atender a população que não possui condição de comprar jazigo

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