Projeto promete minimizar problemas históricos do Centro

Bairro mais movimentado da Capital cearense, que recebe milhares de pessoas em dias normais, passará por intervenções em seis eixos para corrigir desordem do espaço e atrair novos fluxos de consumidores e habitantes

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: A requalificação da Rua Guilherme Rocha agradou a comerciantes e a clientes
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

O "mundo" se encontra no Centro de Fortaleza. O bairro mais movimentado da Capital (recebe cerca de 350 mil pessoas em dias comuns) sofre com problemas que se arrastam há bastante tempo, como a ocupação desordenada do espaço, o acúmulo de lixo nas vias e insuficiência no saneamento básico.

Em agosto do ano passado, a Prefeitura anunciou o projeto Novo Centro, cuja proposta é promover ações em seis eixos e reduzir as adversidades. Neste fim de semana, começam novas intervenções na infraestrutura de grandes ruas do centro comercial.

Serão reformadas as calçadas das ruas Liberato Barroso, entre General Sampaio e Floriano Peixoto, e a General Sampaio, entre Liberato Barroso e Guilherme Rocha. As vias também receberão a implantação de quiosques.

As obras também contemplam novo mobiliário urbano, cabeamento interno das operadoras de energia e telefonia, drenagem e paisagismo, segundo a Secretaria Regional do Centro (Sercefor).

A previsão inicial é que os dois trechos fiquem prontos em julho deste ano. Os trabalhos iniciam-se com a implantação dos tapumes, delimitação da área de pedestres e deslocamento de camelôs.

"Os novos quiosques já estão sendo confeccionados e serão do mesmo modelo dos daqueles da Rua Guilherme Rocha. É uma forma que permite a gente privilegiar as pessoas que circulam pelo Centro, para elas terem acesso fácil às lojas. Na Liberato Barroso, infelizmente, do jeito que está hoje, se você começou a andar de um lado, tem que ir até o fim porque não tem como passar para o outro", explica o secretário da Regional Centro, Adail Fontenele.

Ainda neste ano, ocorrerá implantação de ciclofaixas, ciclovias, faixas exclusivas de ônibus e a construção do Terminal Aberto ao lado da Praça José de Alencar, que deve ser reformada. Além das ações físicas, o Novo Centro prevê ordenamento do comércio informal, estímulos à ocupação habitacional, ações de cultura e turismo e políticas de apoio às pessoas em situação de rua.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL de Fortaleza), Assis Cavalcante, destaca o potencial econômico e social do Centro. Para ele, a primeira fase do projeto, que já entregou a reforma do calçadão da Rua Guilherme Rocha, entre a General Sampaio e Major Facundo, com a instalação de quiosques para vendedores informais, deu um ganho considerável para a circulação de pessoas.

"Os consumidores estão realmente gostando. A Guilherme Rocha está mais livre, mais bem pavimentada, com os ambulantes organizados". Segundo Assis Cavalcante, a fiação subterrânea das novas obras também representa avanços, exemplificando: "se houver necessidade de um caminhão dos Bombeiros, será possível entrar sem nenhuma dificuldade", destaca.

Ações

As obras do eixo mobilidade do Projeto serão concluídas até março, assim como as faixas exclusivas para ônibus na Avenida Duque de Caxias - que terá também novo projeto de iluminação pública - e nas ruas Dr. João Moreira e Castro e Silva. Nas ruas Liberato Barroso, Floriano Peixoto, São José e Travessa Severiano Ribeiro, serão instaladas travessias elevadas para pedestres até julho deste ano.

Em março, a Rua Barão do Rio Branco deve receber o "Calçada Viva", projeto que foi aplicado no entorno de algumas vias do Centro Cultural Dragão do Mar, na Praia de Iracema. A reforma da Praça José de Alencar tem previsão de início no mesmo mês, com término previsto para o segundo semestre. Já a Praça do Cristo Redentor, onde se localiza o Teatro São José, também vai passar por mudanças.

No caso de pessoas em situação de rua, está prevista a implantação de uma Pousada Social com até 100 vagas, além da destinação de vagas para o programa de Aluguel Social. Por sua vez, na área de segurança, a Prefeitura está trabalhando para integrar o sistema de monitoramento.

"Está havendo um upgrade no Centro porque ele estava muito desordenado, as pessoas não podiam nem andar. Os ambulantes cadastrados têm que respeitar os limites, e isso leva a uma perspectiva de melhora", considera Assis Cavalcante. Segundo ele, está sendo discutida a instalação dos camelôs remanescentes em área nas proximidades da Avenida Tristão Gonçalves.

Incentivo

Na leitura de Antonio Custódio Neto, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB-CE) as intervenções no bairro são positivas desde que seja feito o "dever de casa completo", citando a necessidade de melhorias na Praça José de Alencar, "que está abandonada" e a própria Praça do Ferreira. "É um processo muito delicado. Tem que realmente enfrentar como um todo porque é lá que estão todos os grandes pontos de referência da cidade, todo o patrimônio cultural. É onde o turista quer conhecer, fora as praias", resume.

No entanto, avalia, não adianta promover tantas reformas e esquecer do principal: as pessoas. "Ocupar é outro lado. É preciso levar as residências de volta para o Centro", ressalta, sugerindo a aplicação de incentivos fiscais, como o pagamento de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) mais barato. "A cidade, pra ser viva, tem que ser ocupada em todos os horários, pelas pessoas que moram, que comercializam", arremata.

 

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