Pranchas adaptadas vão permitir mais inclusão

O primeiro passo foi uma capacitação dos profissionais do Ipom para aprimorar o acompanhamento

Escrito por Camila Marcelo - Repórter ,

Há oito anos, o Instituto Povo do Mar (Ipom) permite que as limitações físicas ou mentais não sejam empecilhos para que jovens e crianças aprendam a surfar. O projeto contemplou mais de mil pessoas e, agora, ganha reforços para dar continuidade às aulas.

Primeiramente, foi feita uma capacitação dos profissionais do Ipom para aprimorar o acompanhamento feito a crianças com necessidades especiais na água, com orientações sobre maneiras de entrar e sair do mar, fora como conduzir a prancha dentro da água.

A qualificação foi por meio do seminário, realizado durante este fim de semana, intitulado "Sonhando sobre as ondas", o qual foi ministrado pelo surfista Cisco Araña, grande referência no surfe adaptado.

Além disso, o Instituto foi presenteado com duas novas pranchas. Uma é adaptada aos praticantes com deficiência visual. Comparada a um equipamento tradicional, ela recebe dez modificações. Dentre elas, estão os frisos laterais, para indicar o apoio das mãos, e o stringer, um friso central, feito de material macio, para orientar principalmente na posição em pé.

Já a outra é multifuncional. A diferença está no velcro da superfície que, com encaixes de polietileno, material semelhante ao "espaguete" para boiar em piscina, recebe adaptações conforme a necessidade de cada aluno.

Volta às ondas

Mais do que teoria e prática, nesses três dias de seminário, o evento ainda permitiu ao eterno surfista Francisco Atanásio, conhecido como Bichinho, o retorno às águas. Dos 10 aos 27 anos, ele dedicou-se ao surfe. Aos 28, teve o sonho interrompido ao ficar tetraplégico, em dezembro de 1999, após cair de cabeça em um banco de areia, em um mergulho feito no mar. Na ocasião, o médico estimou apenas dez dias de vida. Agora, ele completa 47 anos cheio de projetos sociais e novos planos. Em 2016, voltou pela primeira vez às ondas, porém não conseguiu dar continuidade por um problema na coluna cervical.

No início do mês, foi liberado pelo médico para voltar às atividades e não perdeu tempo. Participou do Seminário, fez questão de testar a nova prancha e o momento foi de pura emoção. "A prancha e as pessoas deram mais segurança. Agora eu vou dar continuidade e quero, depois, surfar sozinho", afirma.

Ela mal pode esperar para retornar ao esporte, que é a sua grande paixão. E assim como ele, outros também vão aproveitar, a partir de agosto as aulas que serão ministradas pelo Ipom, dentro do Projeto Surfe Cooperativo.

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