População se adapta à nova realidade no metrô

Escrito por Redação ,

A inauguração da Linha Sul trouxe mudanças para as pessoas, desde o tempo menor de viagem à segurança e conforto

Hoje se completam sete meses da inauguração da Linha Sul do Metrô de Fortaleza, que entrou em funcionamento com seus primeiros 15 quilômetros, de um percurso que compreende 24,1 quilômetros. Atualmente, a população utiliza 90% da obra de mobilidade, ou seja, exatos 22 quilômetros. Durante este tempo, muita coisa mudou no ir e vir daqueles que antes utilizavam o trem e, agora, andam de metrô.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O tempo é a principal delas. Antes, era escasso; agora, sobra. Pelo menos é o que tem acontecido na vida do auxiliar de produção Willame da Silva Lopes, 22 anos. "Moro no bairro Aracapé e, para qualquer lugar que eu pretendia ir, já sabia que levaria no mínimo 40 minutos. Mas, hoje, por exemplo, se eu e resolver ir para Parangaba, eu gasto somente dez minutos, o que antes chegava em meia hora".

Ele comenta que era criança quando ouviu falar que iriam construir um metrô em Fortaleza. "No meu imaginário de menino, aquilo tudo era muito moderno, tecnológico, e cheguei até a pensar que nunca ia sair. Como seria andar de metrô, alguém que só andava de trem? Achava algo surreal".

Porém, o tão esperado meio de transporte chegou, mesmo após 14 anos. E Willame relata que ficou surpreso com tanta rapidez no ir e vir, assim como a questão da segurança e conforto. "No trem, era tudo quebrado e calor. Hoje, faço uma viagem tranquila, claro que depende do horário, pois cedo é lotado".

Preocupação

Compartilha da mesma opinião do auxiliar de produção a representante de vendas Vera Castelo Branco, 42 anos. Entretanto, ela preocupa-se com a manutenção do metrô. "Por enquanto, tá tudo muito conservado por conta dos seguranças dentro das linhas, mas será que vai ser assim sempre?", indagou.

Outra questão a ser levantada por ela é em relação aos banheiros nas estações. "Eu trouxe minha filha e meu sobrinho para conhecerem o transporte, pois, para as crianças, isso é uma aventura. Foi bastante divertido, porém, sentiram vontade de urinar. Quando fui procurar, não havia nenhum banheiro", relata.

Sobre a questão, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) esclareceu, por meio de nota, que, em todo o mundo, as novas estações de metrô que são construídas não possuem banheiros abertos ao público. Isto porque foi constatado que estes espaços serviam mais à criminalidade do que ao seu propósito inicial. Já as estações de metrôs antigas possuem banheiros, porém privados e não coletivos/gratuitos.

Além disso, eles ressaltaram que o metrô é um local de passagem, como uma parada de ônibus, onde, no futuro, as pessoas não passarão mais de 15 minutos. O Metrofor salientou que nas estações da Linha Sul há banheiros para funcionários, que podem ser utilizados em casos de emergência por passageiros.

História

A Linha Sul do Metrô de Fortaleza é uma obra construída com recursos dos Governos Federal e Estadual, sendo gerenciada pela Secretaria da Infraestrutura (Seinfra) e pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor).

O metrô começou a ser construído em janeiro de 1999. Somente a partir de 2007 houve um incremento no ritmo de execução das obras. O período de 2007 a 2012 foi responsável por mais de 58% de todos os investimentos feitos na Linha Sul. Além disso, nesse período, o Governo do Estado conseguiu garantir o investimento de R$ 35 milhões provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento PAC 2, do Governo Federal, para a construção das estações Padre Cícero e Juscelino Kubitschek.

Em 15 de junho 2012, o primeiro trecho da Linha Sul do Metrô de Fortaleza foi entregue à população, contando com 12 estações entre os municípios de Fortaleza, de Maracanaú e de Pacatuba, o que totalizava um percurso de 15 quilômetros. Em 28 de setembro, foram inauguradas mais três estações: Couto Fernandes, Porangabuçu e Benfica, chegando a 20 quilômetros.

Em 22 de outubro, foi entregue a Estação São Benedito, a primeira no Centro de Fortaleza. Para que o percurso de 24,1 quilômetros seja finalizado, falta a conclusão das estações José de Alencar e Chico da Silva, também no Centro. Ambas serão inauguradas até o início de março deste ano. No período que ficou em funcionamento, cerca de 580 mil pessoas usaram o equipamento.

Cariri

No Cariri, onde já ocorre a operação comercial, os veículos leves sobre trilhos (VLTs) foram recolhidos para uma manutenção mais intensa. A via possui extensão de 13,6 quilômetros. No decorrer do percurso, há nove estações, sendo cinco em Juazeiro do Norte e quatro no Crato. São elas: Juazeiro, Teatro, Crato, Fátima, São Pedro, Antônio Vieira, São José, Muriti e Padre Cícero. O valor da passagem inteira é R$ 1; e a meia, R$ 0,50.

A Linha Sul, ligando as cidades de Fortaleza e Pacatuba, passa por 15 bairros. São eles: Centro, Benfica, Porangabuçu, Rodolfo Teófilo, Parangaba, Vila Pery, Manoel Sátiro, Mondubim, Conjunto Esperança e Aracapé; em Maracanaú, Alto Alegre, Acaracuzinho, Novo Maracanaú e Centro; e em Pacatuba, na Estação Vila das Flores. Recomeça também a operação assistida, que ocorre de 8h às 12h, de segunda à sexta.

ENQUETE
O que mudou na sua vida?

"Antes, não via fiscalização dentro do trem. A minha vida melhorou bastante. Antes, levava 25 minutos para ir ao Centro, agora só são, no máximo, dez. Eu via muita marginalidade e tinha até medo"
Marileide Marques Cândido
Dona de casa

"Eu não andava muito de trem, mas, quando eu usava, demorava muito tempo. Afora que, antes, era muito difícil arranjar emprego. Algumas vizinhas minhas conseguiram emprego, devido ao tempo para ir ao trabalho"
Antonieta Rodrigues
Dona de casa

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