Pontos crônicos de lixo preocupam em Caucaia

Mesmo com coleta regularizada, resíduos deixados por moradores se acumulam nas vias

Escrito por Redação ,
Legenda: Na Avenida Contorno Leste, no bairro Nova Cigana, a reportagem flagrou um homem depositando sacolas plásticas em um cruzamento
Foto: Foto: Yago Albuquerque

É tudo sobre educação. "Jogue o lixo no lixo" é um imperativo que se ouve desde a época da escola, em aulas sobre os deveres que, para o próprio bem geral, é preciso que se cumpram. "No solte o papel no chão, entope os bueiros, suja a rua", dizem. É básico - e óbvio. Mas nem sempre o bê-a-bá é internalizado por todos, culminando na repetição de um erro que prejudica o coletivo. No município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), por exemplo, a imprudência tem dificultado a solução de um problema típico de grandes cidades: a multiplicação de pontos crônicos de lixo.

Nas vias de bairros como Jurema, Araturi e Nova Cigana, sacolas plásticas, entulhos, móveis e até animais mortos são descartados ao ar livre, com frequência que, segundo o motorista Gleidson Cordeiro, 37, "torna impossível uma limpeza definitiva". "Às vezes, o caminhão passa na avenida, recolhe tudo, e, na volta, já tem lixo de novo. É como se a gente estivesse enxugando gelo", lamenta o profissional de uma das equipes de coleta.

De acordo com Cordeiro, apesar de as equipes de limpeza urbana terem "trabalhado normalmente" durante o carnaval, as avenidas que dão acesso à área litorânea "são, atualmente, as mais críticas".

Educação

Durante o percurso pela avenida Contorno Leste, no bairro Nova Cigana, a reportagem flagrou um homem depositando sacolas plásticas em um dos pontos crônicos de resíduos. Questionado, o morador, que não quis se identificar, justificou que "todo mundo deixa lixo lá", ainda que "o carro passe toda semana".

"O que falta é educação", sintetiza a comerciante Conceição Cavalcante, 42, dona de uma loja localizada em uma das principais avenidas do bairro Araturi. Segundo ela, na semana em que a coleta foi interrompida, o acúmulo de lixo no canteiro central foi "tão grande que nem dava pra ver o outro lado da avenida". "Agora, normalizou, mas o carro precisa passar todos os dias, porque as pessoas que não têm o que fazer colocam lixo aí o tempo todo", reclama.

Em nota, a Prefeitura de Caucaia explica que as primeiras medidas tomadas após o órgão assumir a coleta foram a "realização de mutirões em vias públicas com pontos de acúmulo de resíduos" e a "regularização dos serviços de coleta". Conforme a administração, "novos pontos não deveriam estar sendo formados, uma vez que o lixo só deve ser descartado nos dias de coleta". A próxima etapa deve ser a "realização de ações de educação ambiental à população".

Suspensão

No dia 29 de dezembro passado, a EcoCaucaia, empresa então responsável pela coleta de lixo residencial e hospitalar do município, anunciou a suspensão dos serviços em consequência da falta de pagamento por parte da prefeitura. À época, a empresa do grupo Marquise afirmou que a dívida já somava R$ 40 mi.

Após questionar a qualidade do trabalho prestado pela EcoCaucaia e decretar situação de emergência no município - cuja coleta esteve suspensa durante toda a primeira semana de janeiro -, o prefeito de Caucaia, Naumi Amorim, declarou o cancelamento da licitação para terceirização da coleta em 2018 e determinou que, já neste ano, a responsabilidade pelo serviço seria retomada pelo município, situação que permanece até hoje.

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