Reunião oficializa fim da epidemia de sarampo no Ceará

Entre dezembro de 2013 de julho de 2015, foram 1.052 casos em 38 municípios cearenses. Secretaria Estadual de Saúde faz compromisso de manter vírus fora de circulação

Escrito por Redação ,
Um ano após a confirmação do último caso de sarampo no Ceará, a Reunião para Verificação da Eliminação do Sarampo no Estado do Ceará, que reuniu autoridades locais e nacionais de saúde em Fortaleza, avaliou como encerrada a epidemia da doença no Estado.
 
O encontro, organizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), avaliou os impactos da transmissão da doença entre dezembro de 2013 e julho de 2015; as falhas e os acertos do Governo do Estado, além da sustentabilidade da interrupção da circulação do sarampo.
 
Os dados apresentados pelo coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Márcio Garcia, mostraram detalhes sobre os 20 meses da epidemia no Ceará. A doença voltou a se espalhar no território cearense após 13 anos sem novas ocorrências, conforme a tabela de casos confirmados de sarampo do Ministério da Saúde. Em 2013, o ex-secretário de saúde, Carlile Lavor, comentou sobre a preocupação da OMS diante da possibilidade do Ceará oferecer risco de contágio do sarampo para o restante das Américas.
 
Segundo os dados apresentados por Garcia, o último caso confirmado foi em de 6 de julho de 2015. No Ceará, os meses com maior número de casos confirmados foram janeiro, julho e agosto de 2014, quando também foi registrada a maior incidência de pessoas infectadas, 8,6 por 100.000 habitantes. 
 
No total, a Sesa registrou 1.052 casos confirmados em 38 municípios, sendo uma ocorrência em 2013, 840 em 2014 e outras 211 em 2015. O município mais afetado foi Fortaleza, seguido das cidades de Massapê, Caucaia, Uruburetama e Sobral. Em relação ao total de ocorrências suspeitas da doença, foram 4.611 no mesmo período.
 
Fatores
 
Entre os fatores contribuintes para o início da epidemia, a Sesa reconheceu falhas nas políticas públicas de saúde, incluindo o déficit na execução dos compromissos assumidos pelos prefeitos e secretários de saúde; limitações na execução de recursos financeiros para a realização de atividades de vigilância e alterações nas estratégicas de trabalho da atenção primária, bem como dos membros da equipe de saúde da família, especialmente o agente comunitário.
 
Além disso, também foi considerada como falha a falsa sensação segurança por parte do órgão devido as altas coberturas vacinais em todas as faixas etárias no Ceará, associada a uma percepção de que os municípios teriam uma rápida reação resposta em relação a introdução do vírus. Equipe técnica reduzida, quantidade insuficiente de vacinas no início da epidemia e a incapacidade de acompanhamento dos casos através de cada unidade de saúde também foram citados como fatores determinantes para a disseminação do sarampo.
 
Também foi comentada a identificação e notificação tardia de casos suspeitos, a dificuldade de acesso às comunidades de risco para executar ações de bloqueios e varreduras e a questão cultural da resistência da população em relação à vacina, e dela buscar as doses somente nas unidades de saúde.
 
O secretário da Saúde do Estado, Henrique Javi, comentou que o atual governo firmou o compromisso de estimular políticas de prevenção e promoção à saúde, principalmente no que se refere ao atual quadro de prevenção contínua, para que novos surtos do sarampo e de outras doenças não ressurjam. Entretanto, ressalta que é preciso uma maior participação ativa e constante da população. 
 
"O sarampo é simbólico porque demonstra exatamente isso. Todos os anos nascem novas crianças que precisam passar pelo processo continuo de imunização. Quando não há adesão das famílias ao processo vacinal, você tem a potencialização de pessoas suscetíveis. Dessa maneira, qualquer ente que venha de fora pode provocar facilmente uma transmissibilidade grande", explica.
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