Prática de constelação familiar é levada a presos do Ceará
Ao todo, 47 internos que respondem pela Lei Maria da Penha participaram da atividade na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes
Sob os olhares atentos de 47 internos da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, no Complexo Penitenciário de Aquiraz, a encenação de um conflito familiar remete à história de cada um, objetivando levar até eles uma nova consciência. Trata-se de uma sessão de constelação familiar, técnica terapêutica de abordagem sistêmica, e utilizada pela Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus) como um programa piloto, nesta quinta-feira (7), com internos que respondem à lei Maria da Penha.
A nova experiência será testada nas unidades prisionais do Estado para auxiliar na resolução de conflitos internos. A prática é realizada pelo Programa Olhares e Fazeres Sistêmicos e está em conformidade com a indicação e resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNH), que incentiva o uso de métodos que despertem soluções consensuais e pacificadoras.
“O que a gente quer efetivamente é que, enquanto eles estejam aqui internados, possam reconhecer os seus erros, possam perdoar e serem perdoados, então esse é um motivo pelo qual nós estabelecemos que a constelação sistêmica nas unidades penitenciarias é fundamental. O que a gente quer é fazer com que as pessoas saiam daqui melhores do que entraram”, disse a titular da Sejus, Socorro França.
No Estado, a técnica já é utilizada por alguns juízes como ferramenta na solução de conflitos familiares, mas foi a primeira vez que terapia foi utilizada dentro de uma unidade prisional cearense. No País, somente Pernambuco atuava com práticas similares até então.
"A partir da conteslação, a gente vai mostrar, através das vivências, o sistema familiar dele, e ele vai ter uma nova percepção daqueles comportamentos que teve, e aí com essa nova consciência, com esse olhar mais humano, do que é um processo judicial, ele vai conseguir modificar algo nele", disse Gabriela Lima, uma das coordenadoras do Programa Olhares e Fazeres Sistêmicos.