População infanto-juvenil em risco

Novos casos de hanseníase em crianças e adolescentes de até 15 anos indicam que transmissão do bacilo está ativa no Ceará

Escrito por Redação ,

Doença milenar, datada antes de Cristo, a hanseníase ainda é grave problema de saúde pública no Ceará. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), entre 2008 e 2017, 20.3 mil novos casos foram confirmados. Isso significa que, em média, foram pouco mais de duas mil ocorrências por ano ou 169 por mês. Em Fortaleza, que detém 37%  dos casos,  6,6 mil pessoas contraíram a doença, com 665 novas confirmações anuais. A maior preocupação é com a faixa etária até 15 anos de idade, cuja incidência ainda é alta. Ainda segundo o boletim, a taxa de detecção nessa população é de 2,7 por cada grupo de 100 mil habitantes. A meta preconizada pela Organização Mundial de Saúde é zerar até 2020. 

Os novos casos na população infanto-juvenil, aponta a articuladora do Programa do Controle da Hanseníase Estadual, Girlania Martins, significam que de fontes de transmissão ativa da doença. “Por isso, faz-se necessária a intensificação das atividades de controle para frear a cadeia de forma emergencial”.  Conforme a Sesa, na comparação entre 2008 e 2017, houve dos casos uma redução da ordem de 39% de confirmações no Estado e de 45% na Capital. Apesar disso, alertam infectologistas, o parâmetro para os padrões da OMS e Ministério da Saúde (MS) ainda é alto. 

A doença, informa, é fácil de diagnosticar, tratar e tem cura, no entanto, quando diagnosticada e tratada tardiamente pode trazer consequências para os portadores e seus familiares, pelas lesões que os incapacitam fisicamente. “Temos reforçando toda nossa rede, com qualificação de multiplicadores nos municípios. É preciso quebrar paradigmas e preconceito”, afirma. 

O Centro de Dermatologia Dona Libânia, no Centro de Fortaleza, é referência no diagnóstico e tratamento. Ali, a dona-de-casa Aline Maria Pereira, aguarda a consulta para a filha de 13 anos, Maria Juliana. Temerosas da repercussão social no bairro que moram, elas não quiseram falar muito, mas a mãe conta que a menina apareceu com manchas na pele e sem sensibilidade nesses locais desde os 12 anos, além de dormência. Os primeiros sintomas, diz, a infectologista Girlânia. 

Mesmo assim, só decidiram procurar ajuda agora. O que é um erro, aponta a médica. “Logo nas primeiras manifestações é fundamental ir a uma unidade de saúde. Todas estão aptas a diagnosticar”.  

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados