Fortaleza tem potencial para gerar R$ 20 bi por ano com aluguel de barcos, afirma Amyr Klink

Velejador participou de palestra, neste sábado (9), no Iate Clube de Fortaleza

Escrito por Redação ,

As atividades ligadas ao setor náutico em Fortaleza possuem grande potencial de desenvolvimento econômico. Segundo o velejador Amyr Klink, que está na Capital participando da Segunda Semana do Mar (Semar), a indústria náutica gera muita riqueza e que a cidade não pode deixar passar diversas oportunidades. "O Rio de Janeiro hoje podia fazer até R$ 120 bilhões por ano com negócio de charter (aluguel de barco). Fortaleza podia fazer R$ 20 bilhões por ano, mas não o faz por falta de conhecimento. As pessoas têm o costume de pensar que o negócio de barco é para gente rica. O fato é que a indústria náutica é uma indústria de serviços. Cada barco emprega pelo menos quatro pessoas", afirmou Klink durante palestra neste sábado (9) no Iate Clube.

De acordo com ele, o Brasil nunca deu atenção para as atividades ligadas ao meio náutico. "Nesse universo os números são muito mais expressivos do que vários segmentos de indústria, do comércio. Ninguém sabe que a cidade como Palma de Mallorca, na Espanha, não tem nem 400 mil habitantes e fatura um Bolsa Família (orçamento destinado ao programa) por ano no negócio de charter". 

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De acordo com ele, o setor gera um ciclo virtuoso na economia. "É uma atividade que contamina positivamente outras atividades. Por exemplo, eu tenho uma marina em Paraty (Rio de Janeiro) com 300 barcos. Se você abrir uma do outro lado da baía na minha frente para concorrer comigo eu vou lá cumprimentar você. Eu vou ganhar mais dinheiro. No lugar de eu ter mais mensalistas eu vou ter mais diaristas porque vai ter barco na minha marina que vai querer passear na sua e vice-versa. É uma atividade que influencia as áreas de restaurantes, de hotéis, de serviços, de comércio, de transfer. Uma das formas de você mudar essa visão é valorizar a diferença local", acrescentou. 

Palestra

Durante sua palestra no Iate Clube, Klink falou sobre o seu início no remo e todos os desafios que enfrentou durante seus projetos. Além disso, o velejador mostrou casos no mundo onde as cidades são obrigadas a desenvolverem a atividade náutica. "Tem lugar onde é crime não desenvolver atividades de potencial náutico. Vancouver, no Canadá, por exemplo. A municipalidade é obrigada pelo Ministério Público a desenvolver as atividades náuticas para gerar riqueza. O Brasil é muito privilegiado neste sentido, mas a gente tem que ir atrás.

O navegador também falou sobre o desafio de atravessar em 1984 o Atlântico Sul, da África ao Brasil, remando. "Eu enfrentei muitas dificuldade, desde a construção do barco até sair do porto na Namíbia. Muitas pessoas diziam que eu ia morrer, mas eu estudei as correntes e acreditava no que estava fazendo", afirmou.   

Críticas

Klink também criticou a infraestrutura náutica de Fortaleza e disse que a cidade tem tradição secular no meio. "E não tem nada de náutico aqui. Não tem um barco para alugar aqui. Se eu vier com meu barco eu nao vou dormir aqui, prefiro dormir navegando em alto mar. É possível reverter essa situação, mas é importante haver discussões públicas para saber o que a cidade quer. A cidade tem um terminal marítimo mal feito, tem instalações na beira da água abandonadas. Não tem um atracadouro público, não tem nenhuma concessão pública de marina molhada. Eu acho que este tipo de evento é interessante para as pessoas acordarem", opiniou o velejador. 

Semana do Mar

Fortaleza sedia a Segunda Semana do Mar (Semar), um dos maiores já realizados no Nordeste para discutir o mar nas mais diversas vertentes. Esporte, meio ambiente, história, economia, segurança, ciência, comunicação e saúde estão reunidas na Semar, de 9 a 12 de junho no Iate Clube de Fortaleza, e o tema principal deste ano será o lixo marinho.

Entre os temas das palestras, será discutido o combate ao lixo marinho, a conservação no manguezal, mergulho recreativo e profissional, esportes de vela, surf e stand up paddle como superação. Pesca fantasma, população de tubarões e naufrágios também serão abordados. 

"O nosso Ceará tem a vocação para o mar e a gente precisa que a sociedade entenda a importância do mar. Eu tenho a concepção de que o nosso PIB, por exemplo, se inicia nos portos. Então grande parte do nosso comércio se dá pelo mar, cerca de 95% a 97%. A sociedade tem que olhar para o mar e respeitá-lo porque ele tem o potencial de crescimento e desenvolvimento do Brasil", afirmou o comandante Madson, capitão dos Portos do Ceará.   

Serviço:

II Semana do Mar - Semar
Data: 9 a 12 de junho
Horário: 8h às 20h
Local: Iate Clube de Fortaleza, Av. Abolição, 4813 – Mucuripe.
Entrada gratuita (doação de 1 kg de alimento/dia para quem for participar das palestras)

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