250 pescadores disputarão o 18° Circuito Cearense de Jangadas

O evento será transmitido ao vivo pela TV Diário e pelas redes sociais da emissora

Escrito por Redação ,

Ceará é a terra da luz e do vento. Local que promove o sustento de muita gente por meio da pesca em seu vasto litoral. No próximo domingo (16), as cores vivas das embarcações e os reparos minuciosos feitos pelos chamados "trabalhadores do mar" serão destaque nas praias fortalezenses por conta da 18° edição do Circuito Cearense de Jangadas, evento realizado pela TV Diário que tem por objetivo celebrar a coragem e a destreza dos pescadores.

Entre as conversas jogadas fora e as brincadeiras já comuns à beira-mar, eles se reúnem com o objetivo de ajustar os paquetes e as jangadas. A disputa meio que parece, naquele momento, ser deixada de lado, uma vez que todos se ajudam na montagem do material para o grande dia. Aproximadamente 250 pescadores, divididos em 50 embarcações, participarão da regata. Eles serão divididos em dois grupos e sairão da Praia do Mucuripe às 10h30 e farão o trajeto até a Praia do Náutico

O desafio é contornar algumas bóias que estarão distribuídas pelo mar. Os três primeiros colocados da categoria Paquete receberão prêmios de R$ 1.300, R$ 900 e R$ 500, respectivamente. Vencedores da categoria Jangada terão recompensas nos valores de R$ 3.000, R$ 2.000 e R$ 1.000, R$ 800 e R$ 500. Quem estiver na Avenida Beira Mar vai poder acompanhar o trajeto das jangadas. Aqueles que não conseguirem ver a disputa de perto, terão a oportunidade de assistí-lo pela TV Diário ou pelo site da emissora.

Pescador desde os 13 anos, ofício que aprendeu com o pai, Gerson Germano, de 42 anos, é participante assíduo do Circuito Cearense de Jangadas. Nas dez vezes que participou da competição, três foi o vencedor com o paquete “Rainha das Águas III”. "Acredito que pode rolar mais uma oportunidade e eu possa ser campeão. A disputa da minha categoria é muito acirrada. Tem concorrentes muito fortes. Quem já foi campeão três vezes, pode ser quatro, cinco, seis...", afirma o pescador, confiante. 

Organização

A preparação, diz ele, é iniciada com a pintura da embarcação, montagem das velas e o treino, que é necessário para saber se tudo está como planejado. "Às vezes, você vai, experimenta e não dá certo, volta, derruba as coisas. É um sacrifício e a adrenalina é alta", conta. 

Para Gerson Germano, o evento é sinônimo festa entre os pescadores, que o consideram uma brincadeira sadia e uma forma de reconhecimento da profissão. "Infelizmente, é uma das poucas que temos. Poderia ter mais. Nossa área não é muito valorizada. Nós somos amigos. Vamos participar de uma competição, mas todos se respeitam. Quem for campeão, vai comemorar com todo mundo bebendo uma cervejinha", ri.  

O também pescador João de Castro Bezerra, de 55 anos, se prepara ansiosamente para a disputa. Mesmo com a rotina cansativa de trabalho, ele, junto ao irmão, arrumaram um tempinho para fazer os últimos ajustes da jangada "Lua Nova", que participa do evento desde as primeiras edições. "A gente vai brincar porque gosta. Cuidamos de tudo em cima da hora porque voltamos do mar ontem. Neste ano, eu pedi ao meu irmão que pintasse a jangada por mim. Antes, a gente fazia isso em cima da hora. Tudo é gasto nosso. Vamos na esperança de ganhar".

“Eu sempre me inscrevo, mas toda vez acontece uma coisa: me engancho, quebra uma madeira. No meio do ano, fiquei em quinto lugar. Agora vou pelejar pra ver se encosto mais uma coisinha. Já fui quinto, quarto. Falta chegar no terceiro, depois segundo, depois primeiro. Até o dia que Deus me ajudar e tirar o primeiro” externa.

Já imaginando o tão sonhado dia, ele conta que o cuidado e a união são dois sentimentos que se fazem presentes na competição, e que, independente de tudo, o espírito esportivo sempre prevalecerá. “Sempre tratamos a navegação da gente antes pra mostrar o que a gente é. Todo mundo é unido para a gente viver essa brincadeira. Temos cuidado em andar longe para se livrar de um e de outro para não quebrar a jangada alheia”, pontua. 

De acordo com o presidente da Colônia de Pesca e Aquicultura de Fortaleza Z-8, Possidônio Soares Filho, o Circuito Cearense de Jangadas é uma manifestação cultural que mostra à sociedade que o pescador é parte integrante da cidade e deve ser visto como um patrimônio histórico. “Os gestores não têm que olhar para eles com paternalismo, e sim elaborando políticas públicas corretas. Uma jangada cabe até cinco pescadores. Ou seja, é algo que gera emprego e renda às famílias. É de suma importância que eles festejem, participem e mostrem sua bravura, uma vez que estão inseridos em um contexto socioeconômico e cultural”, explica.
 

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