Número de óbitos nas estradas do CE cresce 29,5%

Relatório aponta redução no número de acidentes, mas aumento de mortes nas estradas federais e estaduais

Escrito por Redação ,
Legenda: Placas na CE 040 foram pichadas por moradores do bairro Coaçu para alertar condutores e órgãos sobre as mortes por acidentes
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

A quantidade de acidentes de trânsito e mesmo de óbitos nas rodovias que cortam o Ceará vem chamando atenção da população, que já começa a organizar protestos na tentativa de alertar os motoristas sobre os riscos nas estradas. Os números justificam a preocupação: de janeiro a julho deste ano, 531 mortes foram contabilizadas pelas polícias rodoviária federal e estadual. Igual período de 2013 registra 410 óbitos, de modo que, neste ano, o Ceará registrou aumento de 29,5% no número de mortes por acidentes nas estradas no primeiro semestre.

O balanço divulgado pelos órgãos ainda revela redução de pouco mais de um ponto percentual no número de acidentes nas estradas federais que cortam o Ceará e de 4% nas estaduais. Enquanto a PRF registrou 2.310 ocorrências em 2013, este ano foram 2.276. Já a PRE registrou, de janeiro a julho de 2013, 2.460 acidentes e, em igual período de 2014, 2.361.

Se por um lado foram contabilizados menos acidentes no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2013, houve mais mortes. Os casos, principalmente aqueles que contabilizam óbitos, vêm preocupando a população.

No canteiro central do trecho da CE-040 que passa pelo município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, ainda há fumaça no que sobrou dos galhos, troncos de árvores, pedras e pneus que interditaram a via durante três dias dessa semana. No asfalto, a sinalização pintada na noite da última quarta-feira (10) pede aos motoristas: "devagar". Mas nem todos os carros seguem a orientação.

Perto dali, a cruz riscada de datas lembra as vidas que ficaram pela estrada. A última vítima foi uma criança que atravessava a pista todos os dias para ir à escola, mas morreu após ser atropelada por um carro. Para os moradores do bairro Coaçu, foi o estopim. Decidiram, então, protestar por mais sinalização, faixas de pedestre e pela instalação de uma passarela no local. A mais próxima, segundo eles, ainda fica muito longe.

Atropelamentos

"A situação está difícil. Quase toda semana morre gente. Estou aqui há um ano e já vi umas cinco pessoas serem atropeladas", conta o comerciante José Orlando, 58, que, da lanchonete onde trabalha, vê os acidentes se repetirem com frequência.

Na CE-040, algumas medidas já foram tomadas para evitar acidentes. Em frente à lanchonete de Orlando, uma faixa de pedestres foi pintada na noite da última quarta. Para populares, no entanto, trata-se de apenas de uma ação paliativa.

Os dois tipos de ocorrências que mais contribuíram para o crescimento do número de mortes nas estradas, segundo a PRF, envolvem saída de pista e colisões transversais. Em relação às colisões transversais, foram dez mortes em 2013 e 21 neste ano. Juntos, os dois tipos de acidentes totalizam 28 mortes, das 38 que aumentaram na comparação entre os dois períodos.

Ainda assim, a contingência que mais causa mortes nas BRs que passam pelo Ceará é a colisão frontal, decorrente principalmente de ultrapassagens indevidas. Comparando os dois períodos, verifica-se uma redução. Foram 46 em 2013 e 44 neste ano.

O documento cita, ainda, colisões traseiras, atropelamentos de pessoa e quedas de motocicleta, bicicleta ou veículo entre as ocorrências mais violentas. O número de mortes por acidentes que envolvem motos nas rodovias estaduais também preocupam. Isso porque, em 2014, a PRE já registrou 217 ocorrências dessa natureza, valor que contrasta com os 152 casos de igual período do ano passado. O aumento é de 42,76%.

É o fator humano, contudo, que continua sendo o principal responsável por acidentes e mortes. Falta de atenção, ingestão de bebida alcoólica, desobediência à sinalização, velocidade incompatível e ultrapassagem indevida ainda demonstram a imprudência dos condutores. Por isso, segundo a PRF, a conscientização, aliada ao trabalho de fiscalização, é fundamental. O órgão diz investir em projetos de educação, tais como palestras educativas, o cinema rodoviário e o Festival Estudantil Temático Teatro para o Trânsito.

Mais informações
Palestras educativas podem ser solicitadas à Polícia Rodoviária Federal (PRF) por meio do telefone: (85) 3474-6710

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