Nova técnica contra obesidade é pioneira no CE

Gastroplastia bariátrica é voltada a pessoas com sobrepeso ou obesidade que precisam perder entre 20 e 30 Kg

Escrito por Redação ,
Legenda: A primeira gastroplastia bariátrica realizada no Estado do Ceará foi efetuada no Hospital São Mateus ainda em agosto de 2017
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Pessoas que sofrem de obesidade podem encontrar técnicas diferenciadas a fim de diminuir os efeitos de uma cirurgia, comumente utilizada nas clínicas e hospitais brasileiros. A nova tendência foi implementada no Hospital São Mateus há poucos meses, mas já vem trazendo retornos consideráveis.

Desde agosto de 2017, no Ceará, a redução de estômago pode ser feita por meio de uma endoscopia - a gastroplastia endoscópica, de forma menos invasiva e sem cortes. No Estado, o novo procedimento é realizado pelos médicos Ibraim Cavalcante e Helmut Poti.

No Hospital, já foram realizadas cerca de 150 gastroplastias em pouco menos de um ano; "como é inovador, acaba que se tem uma procura muito grande de outros estados, até de outras regiões do Norte do País", revelou Ibraim Cavalcante, ao ressaltar que a nova técnica não causa nenhum tipo de cicatriz, em razão da ausência de cortes, e, por consequência disso, o paciente tem perda de peso importante ao longo do tempo.

De acordo com Helmut Poti, na redução de estômago por endoscopia há menos agressão ao corpo. "A grande vantagem é que ela é bem menos invasiva, menos agressiva, o paciente vai para casa em seguida e não precisa ficar internado; de um a três dias já volta pra casa, não precisa se ausentar do trabalho", salienta o cirurgião.

Contudo, o médico lembra que a técnica é voltada apenas para uma classe específica de pacientes. "Não funciona para o obeso mórbido, que precisa perder 40, 50 kg; é para o paciente que precisa perder entre 20 e 30 kg, mais ou menos isso", explica Helmut Poti.

A gastroplastia endoscópica reduz o tamanho do estômago em até 60%; a perda de peso do paciente, por sua vez, gira em torno de 20% a 25% do peso original em até um ano após a realização do procedimento.

Origem

O endoscopista bariátrico Manoel Galvão Neto é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da técnica, que foi iniciada há cerca de 12 anos. A inovação ocorreu a partir da criação de uma máquina que suturasse o procedimento médico.

Com o auxílio de médicos americanos, os primeiros estudos foram efetivados no Panamá e nos Estados Unidos. No entanto, para chegar ao Brasil, a burocracia, segundo Galvão Neto, foi a responsável pelo atraso de início para os primeiros procedimentos endoscópicos, uma vez que o equipamento foi registrado há mais de oito anos.

Apenas em 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a realização da técnica, que ficou retida para realização apenas na Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. "Os colegas aqui de Fortaleza foram à Universidade, participaram das aulas e trouxeram os ensinamentos para cá", disse Galvão Neto. Segundo o médico, no Brasil, já foram realizados mais de mil procedimentos de redução de estômago por meio de endoscopia; no mundo, esse número chega à casa dos 10 mil. "As pessoas buscam uma coisa não cirúrgica, todo mundo quer um procedimento menos invasivo", considerou o cirurgião.

Pandemia

Galvão Neto relaciona a obesidade como "a pior doença da humanidade, uma vez que é progressiva e incurável". Conforme o médico, 60% dos brasileiros já apresentam sobrepeso.

A leitura é compartilhada pelo médico Helmut Poti. Conforme o endoscopista bariátrico, " a obesidade vem se tornando uma pandemia no mundo todo, ela cresce numa velocidade assustadora. Hoje, é considerada o segundo fator de risco para câncer, só perde para o cigarro, mas o tabagismo vem diminuindo e a obesidade aumentando cada vez mais".

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