Moradores de Caucaia recorrem a carroceiros

Coleta de lixo é retomada de forma limitada no Município. Caçambas da Prefeitura retiram lixo na Cidade

Escrito por Aline Moura - Especial para Cidade ,

Aos poucos, começa a diminuir o lixo acumulado pelas ruas de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). No entanto, a população ainda sente os transtornos da interrupção da coleta de lixo no Município. Muitos moradores pagam por conta própria carroceiros para remover o lixo das portas de suas casas e levar até os diversos pontos onde as caçambas contratadas pela Prefeitura trabalham para tentar diminuir os montantes de resíduos sólidos espalhados por quase toda a cidade.

O impasse entre a Prefeitura de Caucaia e a empresa Marquise Ambiental, após o fim do contrato de limpeza urbana e domiciliar entre as duas partes, resultou em uma semana inteira sem o serviço público e a decretação de estado de emergência no Município. No último sábado (6), o prefeito de Caucaia, Naumi Amorim, retomou a coleta de lixo e assumiu de forma definitiva a responsabilidade pelo serviço.

No Planalto Caucaia, os moradores evitam colocar o lixo nas calçadas por medo de atrair bichos e os dejetos serem espalhados pelas ruas. A aposentada Maria Ferreira Bezerra, 71, relata que os moradores recorrem aos carroceiros para atenuar o problema. "A gente dá um agrado e eles levam. Eu paguei cinco reais para levarem meu lixo ontem. Hoje, só não mando levar de novo porque estou sem dinheiro".

De acordo com o carroceiro Erivaldo da Silva, 49, a situação do Planalto Caucaia é a mesma na Jurema e no Araturi. Erivaldo percorre diversos bairros com sua carroça em busca de conseguir uma renda extra e, consequentemente, ajudar os moradores. Um comerciante da região que preferiu não se identificar reclama do descaso com a população. "Quem está me salvando são os carroceiros. Mas é obrigação da Prefeitura. Espero que a situação se resolva logo", torce.

Morador do Nova Metrópole, o gerente Augusto Azevedo, 25, confirma que o lixo acumulado na Av. Contorno Norte é retirado todos os dias pela caçamba da Prefeitura. Mesmo assim, se amontoa em diversos pontos do local. "As pessoas dos outros bairros colocam o lixo aqui. A Prefeitura tira e o pessoal despeja de novo porque as caçambas só recolhem em alguns pontos".

Na BR 222, na altura do Parque das Nações, uma caçamba e uma retroescavadeira recolhiam os resíduos amontoados no canteiro central, próximo à residência da contabilista Silvia Ribeiro, 51. A moradora torce para que a situação se normaliza o mais rápido possível. "A comunidade traz o lixo pra cá porque não tem onde colocar", afirma.

Em nota, a Prefeitura de Caucaia informou que está concluindo a elaboração do Plano Estratégico de Limpeza Urbana e Coleta Domiciliar. Com isso, conforme a Prefeitura, serão ampliados os números de equipamentos para a realização dos serviços por parte da Secretaria Municipal de Patrimônio, Serviços Públicos e Transporte (SPSPTrans). Ainda de acordo com a Pasta, o Plano deverá ser apresentado nos próximos dias, assim como os devidos prazos de execução, rotas e frentes de serviço.

Contrato

Enquanto o serviço de coleta de lixo de Caucaia é retomado, o impasse sobre o contrato entre Marquise Ambiental e a Prefeitura continua. O diretor de operações de serviços ambientais do Grupo Marquise, Hugo Nery, rebate as acusações apresentadas em relatório da auditoria elaborado pela Controladoria-Geral do Município de Caucaia.

De acordo com Nery, a Marquise Ambiental e a Ecocaucaia não foram notificadas oficialmente pela administração municipal. "A Marquise já solicitou que a Prefeitura nos dê acesso oficial ao relatório da auditoria. Como empresa, temos direito de resposta", reivindica.

Hugo Nery ressalta não existir nenhuma irregularidade no contrato, além da Marquise Ambiental e a Ecocaucaia estarem à disposição para dialogar com a atual gestão. "É uma crise desnecessária. O caos está sendo causado pela própria administração. Estamos há um ano tentando negociar o pagamento atrasado", afirma. O representante da Marquise garante que, caso a Prefeitura de Caucaia entre em acordo com a empresa, a cidade ficaria limpa no prazo máximo de 20 dias. Enquanto isso, a Marquise irá aguardar o pronunciamento do Ministério Público do Estado (MP/CE).

Conforme a promotora Margarida de Carvalho, titular da Segunda Promotoria de Justiça da Comarca de Caucaia, desde dezembro de 2016, corre ação civil pública para a anulação da Parceria Público-Privada (PPP), assinada entre a Marquise e a Prefeitura de Caucaia, com validade de 30 anos. Apesar do pedido de suspensão, a Marquise entrou com recurso e conseguiu manter o contrato em 2017. Contudo, afirma a promotora, "o Ministério Público não pode tomar nenhuma medida processual sobre o caso no momento porque os prazos processuais estão suspensos até dia 20 de janeiro".

Impasse

Detritos espalhados pela cidade

Apesar da população ainda sofrer com os transtornos gerados pela interrupção da coleta, o acumulado de lixo, aos poucos, começa a diminuir. A Prefeitura de Caucaia informou que está concluindo a elaboração do Plano Estratégico de Limpeza Urbana e Coleta Domiciliar. Com isso, serão ampliados o número de equipamentos para a realização dos serviços por parte da Secretaria Municipal de Patrimônio, Serviços Públicos e Transporte. (SPSPTrans) Fotos: José Leomar

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