Maracatu reinventado
Os desfiles revelam a dedicação de grupos que recontam a chegada de negros africanos e suas manifestações culturais. Estima-se que, em quatro dias, 10 mil pessoas tenham passado pelo local
As apresentações dos grupos de maracatus, na Avenida Domingos Olímpio, aconteceram em meio a um público fiel ao calendário cultural da cidade. Cores, signos, ritmos e brilho puderam ser apreciados nos adereços dos integrantes das alas dos grupos de maracatus, afoxés, cordões, blocos e escolas de samba.
Maracatus tradicionais na avenida, com o Kizomba, Az de Ouro e Maracatu Solar disputaram o desejo de sair campeão e passar, no próximo ano, a desfilar no grupo A da competição. A história dos grupos se confunde com a construção social local, tendo como ponto de partida o processo de invasão e colonização, com raízes na cultura dos negros trazidos da África. As agremiações receberam incentivo público no valor de R$ 916 mil da Prefeitura.
As arquibancadas estavam lotadas de crianças, jovens, adultos e idosos, independente da classe social. Cada um carregada uma história diferente para acompanhar o Maracatu, consagrado no calendário cultural da cidade. A aposentada Iraci Xavier, de 66 anos, estava atenta à ordem das apresentações. Dizia que nunca havia perdido um só desfile. "É a única diversão que tenho. O Rei de Paus é meu preferido", vibrou, antes de assoprar um trompete diferente, assim como os óculos e o colar coloridos.
Com fluxo estimado de 10 mil pessoas, os desfiles marcam o crescimento e resistência dos grupos e do próprio público. "Eles se reinventam a cada ano. E o público aumenta. É o prestígio ao Maracatu", comentou Graça Martins, historiadora, coreógrafa e gerente do Patrimônio Imaterial da Secultfor.
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