Mamografia: apenas 13,6% do público-alvo fez o exame

Das 900 mil mulheres com a idade entre 50 e 69 anos, é recomendado que, ao menos, 315 mil façam o diagnóstico

Escrito por Redação ,
Legenda: No ano passado, foram realizados 56.605 exames de câncer de mama apenas nas 19 Policlínicas do Estado e no Instituto de Prevenção do Câncer (IPC), cerca de 18% do público-alvo anual
Foto: FOTO: NAH JEREISSATI (5/10/2016)

Ir ao médico para realizar exames de rotina pode definir celeridade e eficiência no processo de cura para qualquer doença. No Ceará, o Comitê Estadual de Controle do Câncer de Mama analisa com preocupação a ausência de mulheres que buscam o serviço de mamografia. Segundo o coordenador do Comitê Estadual de Controle do Câncer de Mama, Luiz Porto, das 900 mil cearenses com idade de 50 a 69 anos que precisam realizar o exame, é necessário que pelo menos 315 mil delas façam o diagnóstico - meta estipulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No Ceará, foram contabilizados, ao menos, 42.853 exames realizados no primeiro semestre deste ano, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e a Secretaria de Saúde do Município de Fortaleza. Os números fazem referência aos realizados nas 19 policlínicas regionais (21.497), no Instituto de Prevenção do Câncer - IPC (2.290) e nas unidades hospitalares e clínicas da Prefeitura de Fortaleza (19.066). Contudo, o número representa apenas 13,6% do público que é meta estabelecida pela OMS. Em 2017, foram 56.605 exames feitos só nas policlínicas e no IPC, cerca de 18% do necessário.

Dificuldade

De acordo com Daniele Castelo Branco, representante da Rede Mama, diversos fatores explicam essa baixa adesão, como a dificuldade em encontrar o serviço no Estado. "Acontece muita coisa entre marcar e fazer o exame. A gente acredita que muitas desistem, pela demora, e não desmarcam. O posto de saúde quando liga para confirmar, não consegue contato", destaca.

"Também ocorre de haver tanta demora que a mulher vai direto numa clínica particular e como essa clínica não faz parte da rede pública, vêm os problemas em dar encaminhamento ao diagnóstico. Quem não faz o exame desde o início no sistema, vai ter dificuldade para entrar nele". A Rede Mama organiza a Caminhada Contra o Câncer de Mama. Este ano, de acordo com Daniele, além de se debater o tema da conscientização pelo exame, as mulheres vão usar preto em alusão ao "luto pela dificuldade de cobertura". "Estamos cansadas de dar palestras o ano todo falando que é preciso fazer o exame de rastreamento e as mulheres dizerem: 'mas como, se não consigo marcar? Se o aparelho está quebrado?'. É preciso uma rede estruturada".

Mesmo sem histórico familiar de qualquer tipo de câncer, a diarista Evanir da Silva, 45, já realizou quatro vezes o diagnóstico para verificar a existência do câncer de mama, desde que completou 40 anos. "Diferente do que boa parte das mulheres acham, o mamógrafo não causa dor, além de ser rápido. Eu já fiz de graça e também paguei. É melhor ter essa preocupação agora do que deixar para depois e não ter como resolver", revela.

Para a presidente da Toque de Vida, Meire Ferreira, com a proximidade do mês da campanha de conscientização do câncer de mama, o outubro rosa, os hospitais estão com boa parte dos equipamentos em funcionamento. "Este ano, a gente já recebeu reclamações de seis mamógrafos quebrados. Como em outubro as ONGs e associações realizam muitas campanhas, eles deixam tudo funcionando", conta.

De acordo com Luiz Porto, existem mamógrafos públicos e credenciados para o SUS, além dos privados. "Nós temos 39 de propriedade do SUS, 39 privados credenciados ao SUS e 11 mamógrafos na rede particular. Não estamos fazendo nem a metade do que é previsto pela OMS. As pacientes não comparecem, não buscam o serviço, possuem dificuldade de acesso às informações. Algumas marcam e não vão fazer. No Geeon, podemos fazer 30 mamografias por dia, nós fazemos no máximo 20. 10 que marcam faltam", pontua.

Exame

Dos 78 equipamentos disponíveis, 42 estão sendo buscados para uso. Destes, 16 estão localizados nas Policlínicas Regionais situadas nos municípios de Caucaia, Baturité, Itapipoca, Aracati, Quixadá, Russas, Limoeiro do Norte, Sobral, Acaraú, Tianguá, Tauá, Camocim, Iguatu, Brejo Santo, Barbalha e Pacajus.

No ano passado, dentre os mamógrafos que não realizaram atendimento, dez eram da rede pública de atendimento, incluindo o Hospital Doutora Zilda Arns Neumann e o Gonzaguinha da Barra do Ceará. (Colaborou João Duarte).

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