Jornalismo perde Ivonete Maia

Escrito por Redação ,
Legenda: Ivonete Maia foi aluna da primeira turma de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, e, posteriormente, ouvidora institucional
Foto: Marília Camelo
Primeira presidente do Sindjorce, foi uma mulher à frente de seu tempo e símbolo de militância classista

Primeira mulher, no Brasil, a presidir um Sindicato dos Jornalistas, o do Ceará, e primeira e única mulher a presidir a Associação Cearense de Imprensa (ACI), Ivonete Maia, 73 anos, morreu, ontem, por volta das 13h30, no Hospital das Clínicas, onde ela se tratava de um câncer no esôfago que já tinha atingido outras partes do corpo. Líder classista, amante do jornalismo e da sua terra natal, Jaguaruana, Ivonete deixa um legado memorável para os antigos e novos profissionais do Estado.

Desde ontem, familiares, amigos, jornalistas e personalidades do mundo político comparecem ao velório na Funerária Ethernus e prestam sua última homenagem àquela que fez da luta sindical e classista uma opção de vida. Seu corpo será cremado, no fim da tarde de hoje, no Jardim Metropolitano.

Ícone de uma geração que aprendeu a escrever na máquina de datilografia, inúmeras foram as homenagens à jornalista nas redes sociais. Seu falecimento foi lamentado em boa parte da tarde, ficando na lista dos assuntos mais comentados no Twitter. O reconhecimento e o adeus vieram, ainda, em notas oficiais da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), da ACI, e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Ivonete Maia graduou-se em Letras (pela Faculdade Católica de Filosofia) e Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde foi aluna da primeira turma e, posteriormente, docente do curso de Comunicação Social. Como jornalista, atuou nos jornais "O Nordeste", "Gazeta de Notícias", "O Povo" e nas rádios Assunção e Verdes Mares. Na UFC, foi assessora de imprensa do ex-reitor Walter de Moura Cantídio, diretora da Rádio Universitária FM e Ouvidora Institucional, função que exerceu até julho do ano passado.

Primogênita entre 15 irmãos, a filha de Francisco Carlos Maia e Maria Estelita Moreira Maia costumava se autorrotular de autoritária. "Mas, isso não era verdade. Era firme, justa, simples e direta", declarou a irmã Ana Maria Moreira Maia, que falou para o Diário do Nordeste sobre os hábitos e os amores de Ivonete. Segundo Ana Maria, a jornalista amava, sobretudo, o jornalismo e sua terra natal.

Amiga de Ivonete Maia há mais de 40 anos, Adísia Sá reconheceu que a jornalista tinha o temperamento forte, mas que, no fim, sempre predominaram o respeito e a admiração mútuas. "Sua morte comprova a importância das entidades de classe. Neste momento, todos se unem", disse Adísia.

Para a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro, Ivonete "é também de referência na luta pela formação de nível superior em Jornalismo como critério mínimo para o exercício da profissão". Nilton Almeida, ex-presidente do Sindjorce e vice-presidente eleito da ACI, mas que se encontra em Portugal fazendo doutorado, declara tristeza com a sua morte e observa que "Ivonete foi uma das pessoas com mais espírito coletivo que conheci. Amava a vida associativa. O Sindicato, a ACI eram a extensão da vida dela".

"Ela foi uma das profissionais mais queridas e respeitadas da categoria. Serena, jamais pecava por omissão", observou o ex- aluno, o amigo e ex-presidente do Sindjorce, Fred Miranda.

O professor universitário e ex-presidente do Sindjorce, Agostinho Gosson, a caracterizou "como uma pessoa generosa, educada e feita para a diplomacia".

Já para a segunda-secretária da ACI, no exercício da presidência, Emília Augusta Bedê, a Associação Cearense de Imprensa perdeu uma grande presidente e grande amiga dos jornalistas.

MOZARLY ALMEIDA
REPÓRTER
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