IJF promove I Encontro dos Jovens Heróis

Objetivo do encontro era discutir a superação de problemas físicos e psicológicos causados por queimaduras

Escrito por Redação ,
Legenda: Participantes puderam ouvir os depoimentos dos familiares e dos profissionais que auxiliaram o processo de cura e reabilitação das crianças
Foto: FOTO: REINALDO JORGE

O Ecopoint Parque Ecológico recebeu na manhã desta quinta-feira (21) o I Encontro dos Jovens Heróis. Promovido pelo Instituto Doutor José Frota, o evento teve como objetivo discutir a superação dos traumas físicos e psicológicos de pacientes jovens, as crianças que chegam para ser tratadas no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), a partir da partilha de profissionais, pacientes e familiares que atravessaram esse processo junto a elas. Além disso, atividades lúdicas, educativas e assistenciais foram ofertadas para as crianças.

Com a presença de parceiros do Hospital, como o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito 6) e a Instituição Paulo Picanço, participantes puderam ouvir os depoimentos dos familiares e dos profissionais que auxiliaram o processo de cura e reabilitação das crianças. "Nós temos que ser, muitas vezes, a fortaleza das crianças e também dos pais. Eles estão precisando ali é de apoio, de força, de esperança", testemunha a técnica em enfermagem Ana Maria Lima, que trabalha na unidade de queimados há 25 anos. Só em 2017, a emergência do IJF atendeu 3.647 novos pacientes com ferimentos graves causados por escaldadura, fogo, queima de combustíveis, explosivos e contato com redes elétricas. Destes, 722 foram crianças, pouco mais de 19% do total.

Uma delas foi o jovem Kauã Brito, de 13 anos, que está, hoje, 100% recuperado. Segundo a mãe, Samila dos Santos, o processo de tratamento é muito doloroso, tanto para a própria criança quanto para os pais. "É bem difícil para a gente ouvir a notícia e ver seu filho naquela situação. Foram 64 dias de muito sofrimento, cada procedimento cirúrgico, cada intervenção, a gente sofria junto com ele, que tá sentindo, são raspagens, enxertos...", explica a mãe. Kauã sofreu 14 intervenções no hospital, já fez outra cirurgia depois que recebeu alta e na próxima quinta (29) deve realizar um novo procedimento, dessa vez para intervir na estética.

O menino, no entanto, nem queria que a cirurgia fosse realizada. "Ele é muito bem resolvido com isso, quando as pessoas ficam olhando muito para ele, ele vai e explica para a pessoa", diz Samila. "Eu, hoje, não sinto nada quando falo sobre isso", diz o bem-humorado Kauã, demonstrando que a superação é um processo possível, ainda que difícil. O jovem, que tem ainda toda a vida pela frente, sonha alto: "No futuro, eu quero ser youtuber. Eu gosto de jogar e vejo vários youtubers que gravam jogando e eu já faço isso às vezes no meu canal. Quero ser o mais conhecido do Brasil, talvez do até do mundo", almeja o garoto.

Memória

A solenidade homenageia também a memória de João Nogueira Jucá, um jovem de apenas 19 anos que, em 1959, morreu vítima de queimaduras que o acometeram após salvar bebês recém-nascidos e mães de um incêndio no Hospital César Cals, no centro de Fortaleza, quando voltava da escola. Ele entrou no prédio em chamas e, durante o salvamento, João Jucá foi atingido pela explosão de um cilindro de oxigênio e teve 80% de seu corpo ferido por queimaduras graves, e não resistiu.

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