Fortaleza tem 100 casos de câncer de mama a cada 100 mil mulheres

No Dia Mundial do Câncer, a atenção recai sobre a doença crônica não transmissível, que consta como uma das principais ameaças para a saúde em 2019, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)

Escrito por Bárbara Câmara , barbara.camara@diariodonordeste.com.Br

A enfermidade uma vez conhecida como "doença do silêncio", devido à sua manifestação inicialmente assintomática, chama a atenção através de números, em alto e bom som: em 2018, a Capital cearense teve uma média estimada de 100,36 casos de câncer de mama a cada 100 mil mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Esse tipo de tumor é o mais frequente em pacientes do sexo feminino no Estado.

Em meio à população masculina, o câncer de próstata é o mais recorrente no Ceará, tendo registrado 61,43 casos/100 mil habitantes no ano passado, ainda conforme estimativa do Inca. Em nível global, os tratamentos, medicações e protocolos são padronizados, porém, nas duas manifestações da doença, o principal desafio é o diagnóstico precoce. "Infelizmente, pela dificuldade de acesso, por estarmos inseridos numa região de maior dificuldade econômica e de acesso aos equipamentos de saúde, essa é uma primeira barreira", diz o cirurgião oncológico e superintendente clínico do Hospital Haroldo Juaçaba, Reginaldo Costa.

Em municípios do interior, a dificuldade de acesso ao próprio sistema de saúde é um obstáculo não apenas para a identificação da doença, mas, consequentemente, também para o tratamento. "Câncer de mama, por exemplo, é uma doença que se diagnostica de uma maneira muito fácil. A população do Sertão Central não consegue acessar esses equipamentos, mesmo que sejam suficientes em quantidade no Estado. Se estiverem concentrados na Capital, o problema persiste".

Nesta segunda-feira (4), a lembrança do Dia Mundial do Câncer abre espaço para a difusão de informações sobre a patologia, que está inclusa nas 10 principais ameaças para a saúde em 2019, listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como doença crônica não transmissível.

No Ceará, a tendência de aumento dos casos de câncer de cólon e reto é enfatizada pelo radioterapeuta Igor Veras, do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), devido à relação entre tumores desse tipo e os hábitos de vida. "Eles vêm crescendo nos últimos anos devido às mudanças nos hábitos alimentares. Hoje em dia, a gente faz uma alimentação mais rica em gordura e pobre em fibras, e isso acaba aumentando a incidência dos tumores no cólon e no reto", ressalta. Segundo ele, a obesidade é um fator de risco para diversos tipos de câncer

Tabus

Além do acesso ao sistema de saúde, os tabus que ainda cercam o câncer também representam uma dificuldade para o diagnóstico precoce e o tratamento posterior. "Tem paciente que se refere ao câncer como 'aquela doença', nem pronuncia o nome. Quando a gente está falando de câncer de mama, por exemplo, temos pacientes com 20 anos de evolução, com sobrevida muito superior à de outras doenças crônicas. São muitos avanços e bons resultados que precisam ser ressaltados", destaca Reginaldo Costa.

Para o cirurgião oncológico, o debate acerca da patologia deve ser constante e levado para as casas e salas de aula, com o objetivo de desmistificar aspectos da doença que ainda provocam indagações e inseguranças. "Em relação ao câncer de próstata, existe um mal-estar muito grande da população masculina quanto ao exame de toque retal. Isso tem uma simbologia muito forte pro homem, e acaba retardando a ida ao profissional de saúde", alerta Costa.

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