Feira da Parangaba funciona em novo espaço a partir de domingo (27)

A partir das 8h deste sábado (26), a Rua Pedro Muniz será interditada para a montagem das barracas de 1.100 feirantes cadastrados pela Secretaria Regional IV. O novo espaço promete melhorias em mobilidade e higiene

Escrito por Bárbara Câmara , barbara.camara@diariodonordeste.com.br

Margens opostas da Lagoa da Parangaba separam uma realidade e uma promessa de mudança. A Oeste, na Rua Gomes Brasil, a tradicional Feira da Parangaba, característica por fomentar o comércio apesar das condições precárias estruturais e de espaço. A Leste, na Rua Pedro Muniz, a área para a qual será transferida a feira. A partir deste domingo (27), os 1.100 feirantes cadastrados pela Secretaria Regional IV se estabelecerão no novo local definido a partir do projeto de requalificação do entorno da Lagoa.

Ao ser realocada, a feira dará lugar à obra para construção de uma praça, dotada de diversos equipamentos para esporte e lazer, como quadra poliesportiva, pista de skate, academia ao ar livre e parque infantil, a partir do projeto da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf).

Além de abrigar a feira, a Rua Pedro Muniz terá em sua proximidade a construção de uma área para prática de esportes, com a instalação de um campo de futebol e quadras de vôlei de praia, assim como pracinhas e quiosques de alimentação, convivência e banheiros. O local já recebeu novas calçadas e pavimentação asfáltica.

Para o titular da Secretaria Regional IV, Francisco Sales, o processo de mudança foi "democrático". "Nós fizemos algumas audiências públicas com esses feirantes, inclusive com o próprio prefeito e, devagar, nós construímos essa transferência de local. Enquanto o projeto de requalificação era feito, nós ouvíamos essas sugestões que eles davam e íamos fazendo ajustes no próprio projeto", relata Sales, que acredita na possibilidade de transformar a Lagoa em um ponto turístico após a execução do projeto.

Ilegalidade

Em seu antigo espaço, de acordo com o secretário, a feira invadia vias públicas e não garantia mobilidade, higiene e nem saneamento, devido à falta de infraestrutura e excesso de pessoas. "Agora, eles estarão num espaço que vai caber todo mundo, cada feirante vai ter seu lugar marcado, numerado e definitivo. Eles vão sair da ilegalidade e todos vão passar a ser permissionários do Município", afirma.

A delimitação, porém, não foi positiva para todos os comerciantes. Na manhã da última sexta-feira (25), munido de uma fita métrica, o feirante Francisco de Menezes, 70, frustrou-se ao constatar que o espaço destinado à sua barraca de 7 metros restringia-se a um retângulo de 2,5m por 1m. "Quando fui me cadastrar, não deram esse número. Disseram que o espaço pra barraca ia diminuir, mas não deram o tamanho. Eu tenho uma kombi cheia de mercadoria boa, mas não cabe aqui. Me 'botaram' pra fora".

Feirante há mais de 50 anos, Francisco não abre mão da venda de ferragens e "miudezas", mas admite não ter alternativas para conduzir seu comércio.

"Eu criei minha família trabalhando em feira, com muito esforço. Não tem outro jeito. No sábado, eu vou ver qual é a verdade".

Paralelamente à Feira da Parangaba, o comércio de carros no entorno da Lagoa também será realocado. O local de destino, porém, não será partilhado com a feira. A média de 250 carros disponíveis para compra será transferida para um terreno situado na intercessão da Rua Marechal Bittencourt com a Avenida Dr. Silas Munguba, na área da Secretaria Regional VI.

"Ficou acordado que eles irão sair paulatinamente e, até o próximo sábado (2), não terá mais nenhum carro. Está sendo feita uma limpeza no espaço que foi destinado a eles, e também será construída uma praça próxima ao local. Essa área será ocupada aos poucos", informa o titular da Secretaria Regional IV.

Adaptação

A espera e a sensação de indefinição provocam impaciência em meio aos vendedores de carro, como Manuel de Lima. "Nós estamos sendo expulsos, somos de 400 a 500 pais de família. Dizem que tem um terreno, mas nós fomos lá e não está nada construído, não tem nenhuma infraestrutura para que um ser humano sobreviva lá", lamenta.

O secretário Francisco Sales argumenta, ressaltando a necessidade dos vendedores em se adequar ao novo espaço designado. "Essa (venda) é uma atividade particular. Nós estamos oferecendo um espaço público para eles trabalharem, com alguma estrutura, mas eles têm que bancar a segurança. Não dá pra chegar numa área pública e privatizar", destaca.

As intervenções para requalificar e urbanizar o entorno da Lagoa foram iniciadas em agosto de 2018, com um orçamento de aproximadamente R$ 4,3 milhões. As obras abrangem uma área total de 60.757,30 m², divididos em quatro regiões, e devem ser concluídas ainda em setembro deste ano.

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