Exportador cearense acompanha crise diplomática em país árabe

Calçados saem de Sobral para Arábia Saudita, que passou a sofrer sanções dos EUA devido à morte de um jornalista

Escrito por Sérgio Ripardo ,

A crise diplomática que atinge a Arábia Saudita, após a suspeita de envolvimento de sua monarquia na execução de um jornalista dissidente, pode ter reflexos no mercado calçadista, setor de interesse econômico para o Ceará, que exporta sapatos para o país árabe. De janeiro a outubro deste ano, o Estado embarcou para a Arábia Saudita produtos avaliados em US$ 1,7 milhão, o equivalente a R$ 8 milhões.

Essas vendas do Ceará ainda são tímidas, mas têm potencial de crescer. O Estado está na 18ª posição no ranking dos maiores exportadores para o país árabe. O Oriente Médio, em geral, ainda é um desafio para as empresas no Ceará.

"Raramente uma empresa inicia sua exportação por países do Oriente Médio. A gente não vê empresas novas se inserindo nesse mercado", observa a gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Karina Frota.

Nesta semana, os EUA começaram a aplicar sanções a sauditas devido à morte do jornalista Jamal Khashoggi (pronuncia-se "cachógui") no consulado saudita na Turquia, no começo de outubro.

Caso o país árabe seja punido internacionalmente pelo caso do jornalista assassinado por motivos políticos, o comércio exterior com o Brasil poderá ser afetado, pois empresas sauditas ficariam impedidas de comprar ou vender produtos para outras nações.

"É o caso de São Paulo, maior exportador para a Arábia Saudita. A crise pode sim ter algum respingo", afirma Karina. Em São Paulo, Franca é a principal região produtora de calçados do País. O Ceará é o maior exportador brasileiro de calçados em número de pares. A Argentina é o principal comprador dos sapatos cearenses, devido aos acordos comerciais do Mercosul.

"Apesar de ser um mercado que, algumas vezes, inibe pelas diferenças culturais, distância, dificuldades de comunicação, quando consideramos o Ceará com a Arábia Saudita, a gente tem uma balança superavitária", destaca Karina.

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