Estado destina 2,2 milhões de doses da vacina contra a gripe

Em Fortaleza e em todo o País, a campanha de imunização tem início no próximo dia 23 e segue até 1º de junho

Escrito por Theyse Viana - Repórter ,

Com a chegada do inverno, estação que começa, no Brasil, em 21 de junho; as mudanças de temperatura trazem consigo uma baixa geral na imunidade da população, causando doenças gripais e respiratórias sobretudo em crianças e idosos. A principal forma de prevenção para uma das viroses que predominam no período, a influenza - cuja complicação pode levar à pneumonia -, é a vacinação. Em Fortaleza e em todo o País, a campanha de imunização tem início no próximo dia 23 e segue até 1º de junho, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), sendo dia 12 de maio o dia 'D' de mobilização.

Conforme a Pasta, 2.286.637 doses serão distribuídas aos 184 municípios cearenses, para atender o público-alvo, composto por crianças de seis meses a cinco anos de idade, idosos, profissionais da saúde, grávidas, puérperas (mulheres que tiveram filhos há até 45 dias), internos e funcionários dos sistemas prisional e socioeducativo, indígenas e pessoas com doenças crônicas. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde, segundo a Sesa, é de que pelo menos 90% dos grupos de risco recebam a dose - o que corresponde, no Ceará, a um total de 2.057.973 de pessoas vacinadas.

Para o infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Robério Leite, a eficácia da vacina é variável, porque os vírus da influenza modificam-se ano a ano. Apesar disso, frisa o especialista, a vacina trivalente - que protege contra os vírus das influenzas A (H1N1), A (H3N2) e um tipo da B - é a maneira mais eficaz de prevenir a gripe. "Quando falamos de uma infecção que atinge milhões de pessoas e que pode ter complicações, uma média de 40% de eficácia já é bastante positiva", salienta o médico, desmistificando o receio que as pessoas têm quanto às "reações" à imunização.

"Eventos adversos são raros. É uma vacina segura, porque é inativada: ou seja, não é feita com vírus enfraquecido, mas morto. O mito de que a dose causa a própria gripe é devido ao período em que é feita a campanha de vacinação, quando aqui no Ceará os vírus já estão circulando. Muita gente que toma a vacina já está com o vírus incubado, e isso diminui a eficácia", explica Leite, destacando que a maior proteção da imunização ocorre após cerca de um mês da aplicação da dose.

Complicações

A prioridade para a vacinação dos grupos de risco é justificada: em pessoas situadas nos extremos de idades, como crianças e idosos, a influenza pode evoluir para uma enfermidade mais complicada. "Existe uma forte relação entre a gripe e bactéria pneumococo, causadora da pneumonia. Como a influenza leva a problemas respiratórios, você perde uma proteção natural, o que facilita a entrada das bactérias no aparelho respiratório. Às vezes nem se consegue separar a doença viral da bacteriana, uma predispõe a outra", analisa o infectologista.

Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2017, foram registrados no Ceará 150 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quatro deles causados pela influenza B - tipo de gripe que levou, ainda, 23 pessoas a óbito. Em 2016, foram 40 mortes e mais 527 casos de SRAG , sendo dois deles - mas nenhuma morte - pelo tipo B da influenza. Ainda conforme Ministério, embora o número absoluto de casos e mortes não tenha aumentado no Ceará, os dados mostram o crescimento da circulação da cepa B no Estado.

Questionada sobre os dados relacionados à doença em 2018, a Sesa informou que "ainda está realizando levantamento". Neste ano, prevê o infectologista Robério Leite, os casos de influenza A causada pelo vírus H3N2 devem aumentar - entretanto, não há motivo para pânico.

Medidas

"Já circulam áudios nas redes sociais de pessoas afirmando que o vírus é letal e que deve haver uma grande epidemia. Não é verdade, não é preciso alarme. O importante é focar nas medidas preventivas como a vacina", destaca o médico, apontando ações básicas como eficazes para a prevenção. "Pessoas gripadas têm que lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel, espirrar e cobrir a boca com o cotovelo, e não com as mãos; e não ir à escola ou trabalho se apresentar sintomas gripais".

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