Especialistas falam sobre conservação

Escrito por Redação ,

A tragédia acontecida no Museu Nacional do Rio de Janeiro, no último domingo (2), que destruiu milhões de obras, deixou todo o País sob alerta. No Ceará, especialistas e gestores de equipamentos culturais fundamentais à historiografia do Estado adiantam suas preocupações perante o cenário de descaso em relação a prédios em que tenham moradas bibliotecas, museus e hemerotecas.

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O jornalista, historiador e desenhista técnico Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, administra, em sua casa, o Arquivo Nirez, com um acervo bibliográfico, de discografia (um dos maiores do País) e de outras peças. 

Recentemente, o espaço ganhou três novas salas e, atualmente, passa por processo de reorganização. “Pensamos sempre nessa restauração dos materiais. A reforma só começou quando precisei transferir os arquivos para uma exibição e aproveitei a casa. Mudamos toda a instalação elétrica, eliminando o risco de curtos-circuitos. Além disso, trabalhamos na conscientização dos usuários, pois, sem isso, não tem como se conservar nada”, revela.

Críticas 

Nirez critica, ainda, a forma como se dá a reforma na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, onde 60% do material permanece no espaço, mesmo sob riscos. “Essa obra começou errada porque fecharam a biblioteca antes mesmo de se conseguir a verba. A reforma mesmo, só começou há pouco tempo. Também não respeitam o acervo. É comum se achar jornais rasgados porque o manuseio é mal-feito, e isso prejudica esse importante acervo”, completa. 

“Não há nenhum cuidado com esses equipamentos aqui no Ceará. É uma questão histórica e de ignorância por parte do Poder Público. O acervo bibliográfico do Estado, atualmente, está funcionando como pode por causa dos funcionários. Ao longo do tempo, as mudanças para melhor nesse cenário foram bem pequenas”, destaca o diretor da Biblioteca e Arquivo do Instituto do Ceará, Pedro Alberto de Oliveira Silva. Para ele, não há preocupação sobre conservação de materiais históricos. 

“O que existe é exatamente a perda, a destruição. É um descaso a forma com que são tratados arquivos e isso é totalmente cultural. Hoje em dia, o cidadão nem mesmo lê. E o livro vai sendo colocado em segundo plano, o que não deveria ocorrer, pois ele é um registro importante”, pondera o diretor.

“Se destrói documentos e testemunhos como se eles não fossem fundamentais para a memória cidadã. Registros devem ser preservados da maneira mais cuidadosa possível. É preciso sensibilidade em relação à tradição e respeito ao passado porque o passado é a personalidade de uma nação”, finaliza Pedro Alberto. O Instituto tem 130 anos e conta com 40 sócios.

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