Episódio mostra fragilidade do Sistema

Escrito por João Lima Neto - Repórter ,

Como você avalia a invasão de um Centro Educativo?

Isso mostra uma fragilidade do sistema. As medidas socioeducativas não têm só a finalidade de punir os adolescentes infratores, mas também de reeducar e inserir novamente esse jovem na sociedade. Tem caráter protetivo. Ao passo que o jovem que comete infrações, em geral, tem história de violações acometidas. O jovem infrator ele também foi vítima de falta de serviços. É um caso drástico.

Como atuam as facções criminosas? São grupos que atuam nas sombras e nas fragilidades do Estado, além de estarem fortemente armados. Na expansão de armas e de territórios que vem acontecendo, o tráfico virou uma cortina de fumaça para atuação de outras forças homicidas. A gente sabe que no Nordeste temos uma longa história com pistolagem e o coronelismo, assim como no Sudeste temos os grupos de extermínio e milícias que são relação de forças e não de poder.

Até onde vai o poder de uma facção criminosa?

Primeiro que não temos que encarar o problema como disputa de poder. Caso contrário, vamos gerar um discurso que gera uma disputa de forças. O sistema socioeducativo não espera esse tipo de invasão. Não podemos subestimar o caráter organizado desses grupos criminosos. No Rio de Janeiro, por exemplo, há uma década essas organizações eram intituladas por poder paralelo. Eu acho uma hipérbole. Eu acho que não são grupos tão organizamos quanto pensamos, mas provavelmente armados. A questão da presença das armas nas ruas é um problema grave. A disputa territorial é uma disputa por mercados. Ela pode se arvorar e cometer diversas ações criminosas como invadir um equipamento público que visivelmente é frágil, inclusive para garantir a segurança de jovens. Não estamos discutindo o poder do Estado, mas a gestão de tutelar o abrigo desses jovens.

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