Edital aberto para construção de centro cultural no Canindezinho

O bairro tem um dos piores IDH geral, educacional e de longevidade da Capital. O investimento deve ser de mais de R$ 3 milhões. As empresas devem enviar documentos e propostas de preços a partir da próxima sexta-feira (28)

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: O terreno de 7.6387 metros quadrados, no bairro Canindezinho, dará lugar a um novo equipamento cultural
Foto: FOTO: HELENE SANTOS

Oque hoje é apenas um terreno de 7.638,70m², localizado no bairro Canindezinho, em Fortaleza, deve dar lugar ao Equipamento Cultural Osório de Paiva. A Central de Licitações da Prefeitura de Fortaleza (CLFOR), por ordem da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) abriu, nesta quinta-feira (27), um edital para inscrição de documentos de habilitação e propostas de preços de empresas que desejem realizar as obras. Enquanto as paredes não são erguidas, os sonhos começam a tomar forma. "Vou passar o dia lá", garante Sandy Silva, 18, já imaginando as atividades que poderá desenvolver quando tudo estiver funcionando.

E as opções realmente serão muitas: parque Infantil, quadra coberta, jardins, campo de futebol, horta comunitária, entre outros. O valor global da obra chega a R$ 3,2 milhões. A vigência do contrato será de nove meses, contados a partir da assinatura, e a escolha não foi à toa. Canindezinho é, atualmente, o terceiro bairro de Fortaleza com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Não passa de 0,136, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No IDH-Renda, o bairro também fincou a terceira pior colocação, com 0,025. Em longevidade, terminou entre os seis piores colocados, com índice de 0,111. O Canindezinho já possui uma Vila Olímpica, que passou tempos desativada e voltou a funcionar por intermédio da própria população.

De improviso

Uma construção diferente, no entanto, se ergueu próximo à Vila: um centro socioeducativo com capacidade para 90 jovens. "Não tem muito o que fazer aqui. Gostamos de jogar bola, mas não temos a bola", emenda Sandy. "Seria bom ter esse espaço, para se encontrar, para dançar", complementa o jovem Francisco Lucas, 19 anos.

Segundo os adolescentes, apenas uma praça pode ser usada como lugar de entretenimento para os jovens, mas o local é tido como perigoso pelas mães que, preocupadas, nem durante o dia permitem a saída dos filhos.

Enfrentando o calor, sentados à beira do primeiro alpendre do Residencial Juraci Magalhães, Sandy e Francisco imaginam o futuro equipamento. O terreno já diz: "aqui será construído (sic) a casa de cultura, desenvolvimento e cidadania do Siqueira".

O Siqueira, assim como Canindezinho, Granja Portugal e Granja Lisboa, faz parte do Grande Bom Jardim, uma das regiões mais violentas da cidade. Em 2017, foram registrados 76 homicídios de jovens na localidade, sendo 17 no Canindezinho. "Nosso sonho mesmo é que cada escola atue como um Centro Cultural, porque é lá onde temos mais jovens", deseja o relator do Comitê Cearense Pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, organizado pela Assembleia Legislativa, deputado estadual Renato Roseno.

"A política de cultura pode cumprir um papel fundamental na prevenção da violência, sendo estes jovens não somente expectadores como produtores de arte. É preciso estimular o engajamento deles, que já são tão vulneráveis, enquanto protagonistas", acrescenta Renato. "Eles adoram quando se enxergam nas próprias produções", confirma a gestora do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), Tricia Martins.

O CCBJ funciona a menos de 5 km do futuro equipamento e atende desde crianças de 3 anos até idosos de 92. "Aqui vem gente de todo o Grande Bom Jardim e de toda a Fortaleza. Até pessoas de outras cidades estão aqui todos os dias", destaca a gestora. O segredo dos bons resultados é a gestão participativa.

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