Cresce 51% o número de assaltos a ônibus em Fortaleza

Na quinta-feira (11), duas pessoas foram mortas dentro de um coletivo, aumentando a sensação de medo

Escrito por Aline Moura - Especial para Cidade ,

Os ônibus de transporte coletivo de Fortaleza foram cenário de 2.353 assaltos em 2017, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus). Isso significa um aumento de 51% das ocorrências em relação a 2016, quando foram registradas 1.557. A cada dia, usuários e trabalhadores do transporte público eram submetidos a mais de seis assaltos. Por mês, a média foi de 196.

O medo da violência nos coletivos tornou-se rotina para os fortalezenses que necessitam de transporte público para se deslocar pela cidade. Na tarde da última quinta-feira (11), duas pessoas foram assassinadas dentro de um veículo da linha Antônio Bezerra - Messejana (026). O crime ocorreu na Avenida Frei Cirilo, onde há menos de dois meses um policial militar da Reserva Remunerada foi baleado após reagir a assalto dentro de um ônibus que trafegava pelo local.

Conforme o Diário do Nordeste noticiou na edição do último dia 28 de novembro, o policial e criminosos protagonizaram um tiroteio no interior do veículo. Um dos suspeitos foi baleado e morreu ainda dentro do ônibus. Em outubro passado, uma mulher foi morta em um ônibus da linha Genibaú/Lagoa (356), e outra baleada na linha João Arruda/Antônio Bezerra.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que não possui dados específicos das ocorrências de crimes dentro dos coletivos. O Sindiônibus registra apenas os casos, sem contabilizar por linha de ônibus ou áreas. No entanto, de acordo com Geraldo Lucena, diretor social do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro), existem linhas nas quais esse tipo de os evento é mais recorrente.

Insegurança

O diretor do Sintro aponta as linhas Antônio Bezerra/Papicu/Praia de Iracema (092), Antônio Bezerra/Parangaba (072), Conjunto Ceará/Aldeota (076), Parangaba/Oliveira Paiva/Papicu (041), Antônio Bezerra/Francisco Sá/Papicu (042), Siqueira/Papicu/Washington Soares (050), Grande Circular I (051) e Grande Circular II (052) como as mais inseguras, conforme relatos dos trabalhadores do transporte coletivo. "São linhas fáceis de assaltar porque têm como fugir rapidamente. As linhas de bairro também são perigosas".

Foi justamente em uma linha de bairro que a recepcionista Ana Santos, 30, vivenciou momentos traumáticos ano passado. Ela prefere não dar detalhes por medo de represálias. Ana conta que, logo após o veículo sair do terminal de ônibus, dois homens anunciaram o assalto e saíram recolhendo os celulares dos usuários. "Um ficava recolhendo enquanto o outro ameaçava com um facão. As ocorrências são constantes nessa linha, em todos os horários", diz.

Projeto

Em março do ano passado, a Câmara Municipal de Fortaleza aprovou, por unanimidade, projeto que visa à instalação de "Botão de Pânico" nos veículos de transporte coletivo da Capital. Entretanto, Geraldo Lucena teme que a ferramenta resulte em retaliação aos motoristas, que podem se tornar alvos de criminosos. "Se o motorista apertar o botão, os assaltantes irão saber. No outro dia, ele estará morto".

Por meio de nota, o Sindiônibus lamentou o ocorrido na quinta-feira e afirmou repudiar qualquer ato de violência que coloque em risco a vida dos usuários do transporte coletivo de Fortaleza. De acordo com o Sindiônibus, os 2.393 veículos pertencentes ao sistema urbano e metropolitano possuem câmeras internas. "O Sindiônibus conta com o apoio da Secretaria de Segurança Pública do Ceará, que diariamente realiza abordagens aos veículos", diz a nota.

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