Correios busca novo galpão para unidade operacional

Após o incêndio, a empresa passou a usar duas unidades próprias e de outro espaço cedido na Capital

Escrito por Nícolas Paulino - Repórter ,
Legenda: Há dois meses, 90% do Centro de Distribuição foram destruídos pelo fogo
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

A professora Diana Moreira está esperando a segunda filha para maio. O enxoval, que já deveria estar no ponto, virou motivo de dor de cabeça. "Fiz duas encomendas em uma loja de São Paulo. Uma saiu para entrega no dia 12 de março, há um mês. A outra saiu no dia 21. Nenhuma delas chegou em minha casa, ainda", relata. Diana foi uma das afetadas pelo incêndio no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE) dos Correios, em Fortaleza. Há dois meses, 90% do local foram consumidos pelo fogo e se esvaíram em cinzas. Agora, os Correios procuram um novo galpão com área superior a 8.700 m², em Fortaleza, Eusébio, Aquiraz ou Itaitinga, para a instalação de uma nova unidade operacional.

Em nota, a empresa informou que, após o incêndio no CTCE, passou a usar "duas unidades próprias e de um espaço cedido à empresa na Capital, além do apoio de outros três centros de triagem no país: dois em São Paulo; e um em Salvador". Sobre a estrutura danificada do CTCE, os Correios afirmam que estão providenciando a contratação, em caráter emergencial, de serviços de desmontagem da estrutura metálica do teto atingida pelo incêndio e retirada de entulhos do galpão.

Engenharia

"Após essa etapa, será efetuada a contratação de serviço de engenharia diagnóstica para perícia da edificação e elaboração de laudo sobre as extensões dos danos, o qual irá subsidiar as tomadas de decisões seguintes", diz a nota dos Correios.

Por ora, segundo um dos coordenadores do Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE), Avelino Rocha, a área administrativa do próprio CTCE foi adaptada para a separação dos objetos. Também estão em uso o Centro de Logística Integrada (CLI) do Eusébio e um galpão no Cais do Porto, em Fortaleza.

Além disso, o Centro de Entrega de Encomendas (CEE) vem operando também à noite, em escala de terceiro turno. Porém, de acordo com o coordenador, as unidades não oferecem boas condições de trabalho. "Já fizemos denúncias ao Ministério Público do Trabalho. O prédio do CLI é insalubre, tem muita poeira e calor, além de ser uma região de difícil acesso. Em outras unidades, por serem provisórias, falta climatização", aponta.

Segundo ele, o Sintect-CE solicitou um plano de contingência à diretoria dos Correios, com orientações para assegurar a continuidade das operações postais, mas não obteve resposta. "Até então, não há nenhum plano e nada foi sinalizado sobre reconstrução ou reparo do CTCE".

Enquanto isso, Diana Moreira segue em peregrinação por agências dos Correios em busca de respostas. "Fui no Centro de Distribuição da Maria Tomásia e em outro da Praia de Iracema. A informação que recebi era a mesma que eu já tinha visto no computador de casa. Os funcionários não estão preparados para lidar com esses problemas e, inclusive, foram arrogantes", destaca a professora Diana.

Mala

Uma das atendentes contou a ela que existe uma chamada "mala", geralmente com 500 a 600 objetos, que chegam aos centros e, por isso, segue ansiosa no aguardo dos produtos. Diana diz que encontrou dezenas de pessoas na mesma situação e que, além disso, o ateliê que enviou suas encomendas não pretende mais utilizar os serviços dos Correios: está pensando em procurar uma transportadora por conta própria.

Os Correios optaram por não disponibilizar dados de quantos clientes foram afetados e de quantas encomendas foram perdidas no sinistro "em função do seu caráter estratégico". Também afirmou que um plano de ressarcimento foi apresentado ao Procon Fortaleza e ao Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), mas não entrou em detalhes sobre as ações impetradas.

A empresa informou ainda que o processo de indenização está em andamento para os remetentes de objetos com valor declarado que efetuaram manifestações consideradas procedentes nos canais de atendimento dos Correios. "Para os objetos sem declaração de valor, será necessária a conclusão das perícias técnicas realizadas pelos órgãos competentes", completa.

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