Ceará registra terremoto de 4.3 graus na Escala Richter

Escrito por Redação ,
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Fortalezenses de diferentes bairros relatam suas experiências com o tremor que apavorou toda a cidade

Pode parecer até estranho, mas ontem à tarde Fortaleza tremeu. Por volta das 16h25, o reflexo do tremor, com magnitude de 4.3 na Escala Ritcher, ocorrido na região Norte do Estado atingiu a Capital cearense. Ele não foi isolado. Após cinco minutos, outro tremor, desta vez com magnitude de 3.9, foi registrado.

O epicentro do abalo está localizado entre Jordão, distrito de Sobral, e os municípios de Alcântaras e Meruoca, conforme explicam Eduardo Menezes, técnico do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Francisco Brandão, chefe da Sismologia da Defesa Civil do Estado. Segundo ambos, o terremoto só foi sentido em Fortaleza porque a magnitude passou de 4.0.

Susto

Num prédio em Messejana, muitos foram os relatos de moradores ainda assustados com o tremor, segundo eles, de segundos. O pavor foi tamanho que a síndica, Maria do Socorro Viana, de 54 anos, acionou o engenheiro responsável pela construção. O especialista teria dito a ela, conforme a própria síndica relata, que não era preciso preocupação, porque o abalo ocorrido na tarde de ontem não passava de uma espécie de repercussão dos últimos tremores ocorridos em Sobral, na região Norte do Estado.

Moradora do 19º andar, a dona-de-casa Ana Karla Esteves Pereira, de 37 anos, conta que estava com a filha Carolina, de três anos, num dos quartos do apartamento quando sentiu a cama tremer. “Parecia uma geléia. Num primeiro momento, pensei que uma das molas tivesse quebrado”, descreve parte da tensão vivida por cerca de 20 a 30 segundos, entre 16h30 e 17h. “Nem vi se rachou ou quebrou alguma coisa. Peguei minha filha, que estava dormindo, e desci para o térreo”.

A estudante Luíza Parreão, de 12 anos, afirma ter presenciado, no 13º andar, intensidades diferentes do tremor. Primeiro, no próprio pé; em seguida, na cama; e, por último, no pacote de pipoca. “Minha mãe só acreditou em mim quando uma vizinha chegou perguntando se havíamos sentido algum tremor”.

Para a farmacêutica Lívia Holanda, moradora do 8º andar, o abalo não demorou mais do que cinco segundos. E teve até condômino, como a dona-de-casa Zuleika Bastos, de 33 anos, que sequer sentiu qualquer estremecimento. “Quando estava saindo para um compromisso, foi que me contaram o ocorrido”, diz.

Até um quadro localizado no hall do corredor do 19º andar ficou inclinado em razão do abalo. Uma condômina que não quis se identificar teria encontrado o quadro nessa posição logo depois de sair de casa atormentada com o que havia acontecido.

Conforme relata um outro morador, o pai dele, o comerciante Francisco de Assis Magalhães, de 70 anos, teria sentindo a parede da loja de autopeças na Aerolândia balançar enquanto estava ao telefone. “Na hora, ele achou que fosse só uma bobagem. Impressão que virou espanto quando cheguei perguntando se algo diferente tinha ocorrido na loja”.

Com escritório na Torre Del Paseo, Aldeota, o advogado Marco Meira Mayer disse ter sentido a cadeira tremer um pouco por volta das 16h. Sensação que, afirma ele, demorou em torno de dois a três segundos. “Só quando um amigo meu comentou que também teve a mesma sensação é que liguei uma coisa a outra”. Por um site de relacionamento, o amigo e arquiteto Tiago Aguiar contou a Marco que aproximadamente às 16h30 percebeu, muito rapidamente, a tela do computador e alguns papéis tremerem no escritório que tem no Pátio Dom Luiz.

“Outras pessoas sentiram assim como eu”. Minutos depois, a irmã de Tiago, que trabalho num escritório de Marketing no Equatorial Trade Center, na Avenida Desembargador Moreira, relatou a mesma impressão. Até o Corpo de Bombeiros foi acionado. Perto dali, na altura dessa avenida com a Santos Dumont, a recepcionista Francivância Maria Barbosa Cavalcante, de 25 anos, conta que onde trabalha, pelo menos as pessoas que estavam sentadas, sentiram o tremor. “Foi como se fosse uma vertigem de tintura. As telas dos computadores tremeram”, recorda. A sensação teria sido sentida às 17h e durado cinco segundos.

Ainda no Bairro Aldeota, funcionários da Receita Federal sentiram o tremor e ouviram um barulho que fizeram todo mundo ficar apavorado. Já no Papicu, a sede da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (Apavv) registrou o birô do andar de cima do dúplex tremer bastante por alguns segundos na tarde de ontem. Quem conta é a fundadora da associação, Oneide Braga, de 55 anos.

Janine Maia e Ludmila Wanbergna
Repórteres

MENSAGENS DO LEITOR

"Tudo isso é reflexo de tantas catástrofes que vêm acontecendo no nosso planeta. Deu muito medo"

Adriana Pacheco
Papicu/Fortaleza

"O tremor foi forte por demais. Muita gente assustada, alunos apavorados, gente passando mal"

Diógenes Fontenele
Moraújo/Sobral

"Senti por uns três segundos um fraco balanço na mesa. Imaginei que tive uma arritmia cardíaca"

Dracy Giovenardi
Monte Castelo/Fortaleza

"O homem terá que se acostumar com esses fenômenos, construindo casas firmes e seguras"

Vicente J. Rodrigues
Fortaleza

"Também senti o abalo. Fiquei tonto depois que um companheiro sentiu os pés dele tremerem"

David Lopes Nogueira
Aldeota/Fortaleza

ENQUETE
Como o Sr. (a) descreve o momento do tremor?

Lenilson Araújo
31 ANOS
Diagramador

Estava no térreo do edifício da Receita Federal, na Aldeota. Ouvi um barulho e senti um tremor de cerca de três segundos.

Márcio Almeida
35 ANOS
Gerente comercial

Era cerca de 16h30 quando o edifício Sul América, na Praça do Ferreira, tremeu. A intensidade não foi grande, mas durou 15s.

Sérgio Fagundes
47 ANOS
Empresário

Estava trabalhando em casa, no 19º andar, no Meireles. De repente, a tela do computador, a cadeira e a mesa tremeram.

Cristiane Rodrigues
33 ANOS
Babá

Senti como se estivesse tonta. Depois, vi o jarro sobre um móvel da sala tremer. Peguei o bebê e saí do apartamento.

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