Capital e Interior têm paralisação de ônibus

O principal impasse entre o Sindicato dos trabalhadores e o patronal é em relação à jornada de trabalho

Escrito por Redação ,
Legenda: As manifestações começaram às 4h da madrugada de ontem, no Terminal Rodoviário de Juazeiro do Norte e às 9h na Rodoviária Engenheiro João Thomé, em Fortaleza
Foto: FOTO: CID BARBOSA

Motoristas de ônibus intermunicipais e interestaduais paralisaram as atividades nesta terça-feira (10), realizando manifestações desde as 4h da madrugada no Terminal Rodoviário de Juazeiro do Norte e 9h na Rodoviária Engenheiro João Thomé, em Fortaleza. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual (Sinteti), Carlos Jefferson, menos de 50% da frota em todo o Ceará não funcionou.

"Estamos realizando um movimento legítimo e legal, seguindo todas as determinações da legislação", enfatiza Carlos Jefferson. No entanto, para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Intermunicipal e Interestadual do Ceará (Sinterônibus), Mario Albuquerque, esta foi uma atitude ilegal. "Se você quer cruzar os braços e manifestar, sem problema. Mas não pode é impedir o passageiro que quer trabalhar de chegar ao seu destino. É um crime", destacou.

A administração da Rodoviária Engenheiro João Thomé não se pronunciou sobre a greve à reportagem, explicando que cabe aos dois sindicatos uma decisão. A greve foi decidida em assembleia realizada no último dia 4, quando os profissionais rejeitaram a proposta do sindicato patronal, de 1,31% de aumento.

Impasse

O principal impasse entre as duas classes é em relação à jornada de trabalho, que, na nova proposta do Sinterônibus, passaria de 44h para 24h semanais. "Um ataque", para o Sinteti; "a realidade", para o Sindicato patronal. "É uma questão fundamental que já existe, a do trabalhador que tem mais de um emprego para complementar a renda. Todo mundo conhece alguém nessa situação", explica Mario Albuquerque. O temor do Sinteti é de que todos os trabalhadores, incluindo os mais antigos, sejam obrigados a seguir esta regra, o que, para Carlos Jefferson, resultaria numa precarização do ofício. É por esse motivo que ainda não houve convenção coletiva pela categoria. A última tentativa de negociação entre os dois sindicatos ocorreu no dia 15 de junho, mediada pelo Ministério do Trabalho.

Na ocasião, segundo o Sinteti, não houve garantia de que os trabalhadores antigos não tivesse a jornada alterada. O Sinterônibus, entretanto, assegurou que somente os admitidos dentro de um período definido entre as partes obedeceriam às 24h semanais. "De forma alguma essa alteração aconteceria aos funcionários que já são treinados, muito menos haveria demissão", garantiu Albuquerque.

Descanso

Outra reivindicação do Sindicato dos trabalhadores é sobre uma suposta redução no tempo de descanso para os motoristas, o que não existe, de acordo com o Sindicato patronal. Um termo aditivo foi passado a todos os funcionários da categoria, para que estas questões fossem resolvidas de forma individual, justamente por não ter se chegado a um consenso. O Sinteti garante: a paralisação pontual, quando há greve em determinado horário, vai continuar por tempo indeterminado, ou até que as partes entrem em um acordo.

Maria de Lurdes Silva, 59, foi pega de surpresa pela paralisação. Viajaria para Marco, no norte do estado e, segundo ela, os funcionários da rodoviária alertaram de que o atraso não passaria de uma hora. Às 12h, ela não sabia o futuro da passagem para às 10h. "É irresponsável porque quem chega aqui não é avisado. Teve gente que inclusive chegou já perguntado sobre a greve e responderam que não aconteceria", relatou.

Juazeiro do Norte

Em Juazeiro do Norte, a paralisação começou por volta das 3h30, quando os manifestantes bloquearam a entrada da garagem da Viametro, empresa que realiza o transporte intermunicipal entre Juazeiro, Crato, Barbalha e Missão Velha. A ação durou quatro horas na tentativa dos trabalhadores desta empresa aderirem ao movimento.

Mais tarde, os manifestantes atuaram no Terminal Rodoviário, no Centro de Apoio aos Romeiros. Com carro de som, pediam o apoio dos motoristas da empresa que faz o transporte intermunicipal. Alguns profissionais paralisaram o trabalho por alguns minutos, mas o serviço funcionou. Nenhuma linha foi cancelada. No entanto, na última quarta-feira, 65 motoristas aprovaram, no Cariri, o indicativo de greve. A maioria compõe o transporte rodoviário. Este, ameaça paralisar totalmente.

O motorista Osvaldo Landim, ressalta a responsabilidade que a categoria tem nas estradas cearenses. "A gente leva 48, 60 vidas. O patrão reduz nosso salário e a gente fica preocupado".

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